A viabilização econômica das baterias na próxima década poderá não ser tão simples. O caderno “Micro e Minigeração Distribuída & Baterias”, lançado pelo Ministério de Minas e Energia em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética na última quinta-feira, 15 de dezembro, sinaliza essa possibilidade. O caderno possui estudos do Plano Decenal de Expansão de Energia 2032. Em um dos cenários previstos, com gestão de consumo com Tarifa Branca, o preço teria que cair muito além do praticado para que o investimento seja viável economicamente. Foram lançados ainda pelo MME cadernos sobre Premissas Econômicas e Demográficas e Demanda de Eletricidade.

Os consumidores da baixa tensão já podem desde 2018 ter preços diferenciados com a tarifa branca, enquanto as baterias podem ser usadas para levar o consumo para fora da ponta. Quanto maior a distância entre as tarifas, maior a atratividade. A diferença entre a Tarifa de Ponta e Fora Ponta na Tarifa Branca é menor do que a diferença nas Tarifas do Grupo A. Segundo esse cenário, com o preço atual de R$ 4.000/kWh, a aplicação é inviável economicamente para todos os consumidores simulados e em todas as distribuidoras. Já com preço de R$ 2.000/kWh, as baterias ficam viáveis nas pequenas distribuidoras, com o valor presente líquido positivo.

Já uma outra aplicação, partindo da gestão de consumo com Tarifa A4 – Verde – destinada a consumidores da alta tensão, com a opção das tarifas horo-sazonais, se diferenciando o horário de ponta e o fora dela – há a viabilidade econômica em uma década de uso de baterias para clientes com alto fator de carga na ponta. Foram identificados cerca de até 9 GW de geradores a diesel usados para evitar o consumo no horário de ponta.

Um outro cenário analisado foi o da gestão de consumo com Tarifa A4 – Verde, mas comparada com a geração a diesel. O preço do combustível subiu nos últimos anos e acabou tirando a competitividade dessa geração.  Com os custos em R$ 2.000/kWh, conseguiriam se equiparar com os motores. Além disso, particularidades, como a questão ambiental e a logística de obtenção do diesel pesam a favor das baterias, deixando a sua equação financeira possível.

Em uma terceira aplicação, que aborda o aumento do autoconsumo da micro GD, não é identificada viabilidade econômica para o investimento em baterias no horizonte decenal. As mudanças na Lei 14.300, que trazem reduções no desconto da GD,  não permitem viabilidade. Segundo o estudo, a diferença entre a tarifa de consumo e a remuneração pela injeção na rede continuou sendo baixa, fazendo com que os equipamentos não sejam vantajosos. De acordo com o estudo, variações de consumo e geração tornam a otimização difícil, uma vez que pode haver muita geração e pouco consumo, trazendo complexidade.

Ainda de acordo com o estudo do PDE lançado pelo MME, em 2029, quando a energia injetada na rede tiver seu valor elaborado a partir de um cálculo que envolve custos e benefícios, pode haver algum tipo de mudança de cenário. Quanto menor a remuneração pela energia injetada da GD, maior será a viabilidade das baterias.

Na parte de Micro e Minigeração Distribuída, os estudos deixam claro que a década vai registrar um  grande crescimento da MMGD no Brasil, mas as alterações nos descontos previstos em lei trazem incerteza à confirmação do incremento.

No caderno de “Premissas Econômicas e Demográficas”, os estudos analisam as evoluções esperadas na economia, assim como a dinâmica dos setores econômicos ao longo da próxima década. No caderno “Demanda de Eletricidade”, os estudos consideraram a perspectiva de evolução até 2032 de consumo na rede por classes, além do panorama de autoprodução, perdas de energia, entre outros aspectos da demanda.