A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mapeou 37 localidades no Norte do país com previsão de interligação ao Sistema Interligado Nacional (SIN) até 2027, representando cerca de 17,5% da rede, informa o último relatório de planejamento para os Sistemas Isolados. A partir desse diagnóstico, o Ministério de Minas e Energia poderá ratificar os resultados junto às distribuidoras e definir as estratégias tendo como meta garantir o atendimento dessas regiões, como a efetivação de leilões ou ações de eficiência energética.

As informações do ciclo 2022 apontam a existência de 212 Sistemas Isolados no Brasil atendidos por oito concessionárias em sete estados. Houve redução do número de regiões isoladas, relata a EPE, quando comparado ao ano anterior. A diminuição se deve às interligações e principalmente à retirada de 24 pequenos sistemas isolados do Amapá, tendo em vista a informação pelas distribuidoras do atendimento por programas de universalização.

Nessas regiões mais afastadas há desde pequenas comunidades, com população de cerca de 100 habitantes como é o caso de Carvoeiro (AM) e Pedras Negras (RO), até cidades maiores, como Cruzeiro do Sul (AC) e Boa Vista (RR), sendo essa a única capital ainda não conectada ao SIN, com população superior a 89 mil e 436 mil habitantes respectivamente, segundo estimativas do IBGE para 2021. Assim as demandas máximas previstas para o período até 2027 variam entre 2 kW (Maici – RO) e 243 MW (Boa Vista – RR).

A geração a partir do óleo diesel ainda predomina e o suprimento de energia elétrica depende da logística de fornecimento desse combustível, podendo sofrer interrupções em épocas de estiagem. Assim exige que as usinas de certas localidades disponham de tanques de armazenamento de grande porte para estocagem. Outro dado reportado na publicação é de que o consumo nos Sistemas Isolados em 2023 será igual a 0,6% da carga de energia do SIN, segundo informações do ONS.

Carga com valor máximo em 2024

Dentre os principais resultados do levantamento, cabe ressaltar que a carga total dos Sistemas Isolados deverá atingir seu valor máximo em 2024. A redução do consumo a partir de 2025 se deve às interligações de localidades isoladas previstas para os próximos anos, resultando em redução do custo de geração e das emissões, além de melhoria na qualidade do fornecimento de energia. Por outro lado aponta que a carga terá um decréscimo a partir de 2026 devido às novas conexões.

Estes números, aponta o relatório, representam um considerável impacto nas contas setoriais, dado que a geração nos Sistemas Isolados é subsidiada por meio da CCC. De acordo com o Relatório de Orçamento das Contas Setoriais de 2023, elaborado pela CCEE , o orçamento previsto para a CCC em 2023 é de quase  R$ 12 bilhões, cerca de 1% maior que o orçamento aprovado para 2022.

Diz a EPE que apesar dos leilões estimularem a substituição do óleo diesel por outros combustíveis e recursos renováveis, o ciclo de planejamento de 2022 mostra que ainda há grande dependência pelo diesel. Para o ano de 2024, após a entrada em operação das usinas contratadas nos leilões de 2019 e de 2021, é esperado que aproximadamente 58% de geração ainda ocorra a partir de usinas a óleo diesel, conforme indicado na figura a seguir.


Perdas na distribuição

O documento também traz dados sobre as perdas nas distribuidoras. A Equatorial Amapá se destaca com índice superior a 45% ao longo de todo horizonte, seguida pela Energisa Rondônia com 35% e pela Amazonas Energia com 34%.

Para a Amazonas Energia, a redução na ordem de 4% no valor das perdas em relação ao ciclo 2021 se deve à desconsideração do planejamento das localidades com previsão de interligação, e não necessariamente de medidas adotadas pela empresa.

Por outro lado, a Vibra Energia, antiga Petrobras Distribuidora, apresenta perdas iguais a zero a partir de 2026, visto prever a interligação dos seus sistemas em 2025. A Equatorial Pará apresenta variação quase nula em 2027, quando todos os seus sistemas estarão interligados.

Já o pequeno aumento percentual de perdas da Energisa Acre em 2026 deverá ocorrer em razão da interligação das três maiores localidades, Feijó e Tarauacá em 2023 e Cruzeiro do Sul em 2025. O mesmo ocorre com Roraima Energia, após a interligação de Boa Vista em 2025 por meio do Linhão Manaus – Boa Vista que ficou com as obras paralisadas e deveria ter entrado em operação ainda em 2015, mas que por conta de impasse com índios da etnia Waimiri Atroari, não saiu do papel.

Ademais, o relatório aponta que as ações de eficiência energética indicadas pela Amazonas Energia, Equatorial Pará, Energisa Acre e Energisa Rondônia preveem economia da ordem de 29 GWh/ano. Assim, a publicação finaliza afirmando seu viés e propósito em contribuir com a busca pela eficiência econômica e energética, a mitigação de impactos ao meio ambiente e a utilização de recursos energéticos locais, visando buscar a sustentabilidade econômica da geração de energia elétrica nos Sistemas Isolados.