A AES Brasil, ArcelorMittal, Eneva e Goodz Capital investiram juntas cerca de R$ 10,5 milhões para a fundação da Brasil Energy Exchange (Beenx), uma empresa que chega ao mercado como uma empresa integrada que tem como atividade a negociação de energia elétrica, de certificado de energia limpa e produtos financeiros em um mesmo ambiente 100% digital. Um dos objetivos da companhia é que cerca de 50 operadores já estejam utilizando a infraestrutura da empresa no primeiro trimestre e depois abrir ao mercado como um todo.
A nova sociedade foi criada de olho na abertura e expansão do mercado livre. A companhia irá apostar no atendimento das empresas que negociam no ACL, que correspondem a quase 40% da energia consumida no Brasil. E essa participação deve aumentar a partir de janeiro de 2023 (quando novas regras para a migração se estenderem para uma nova parcela de consumidores) e de janeiro de 2024 (quando todos os clientes pertencentes ao Grupo A, alta tensão, poderão migrar para o mesmo ambiente).
De acordo com o CEO da empresa, Igor Ferreira, a Beenx nasceu pensando na questão da segurança de mercado. “Ela nasceu com a preocupação do processo de abertura. Diante disso, já criamos infraestrutura tecnológica para poder oferecer a esses novos incidentes uma plataforma de base. Durante esse processo percebemos que muitas empresas que operavam e ainda operam no mercado livre usam planilhas para fazer a gestão das suas operações, planilhas com fórmulas e tudo mais, ainda são planilhas”, analisa.
Ferreira afirma que a Beenx traz um conjunto de ferramentas que foram desenvolvidas de forma proprietária para trazer para os players que vão entrar no ACL ferramentas para operar em pé de igualdade com as grandes empresas que já utilizam softwares de gestão, e que segundo ele, pagam uma fortuna para isso. “Aqui na Beenx o custo será mais acessível para o público brasileiro e iremos garantir ferramentas para uma segurança maior das operações. Vamos permitir que com a abertura do mercado as empresas tenham uma opção de infraestrutura com ferramentas acessíveis”, discursa.
Toda a operação da Beenx é feita no ambiente online sem a necessidade de hardware ou software específicos. A companhia promete oferecer uma infraestrutura de energia em blockchain para a América Latina e integração de ponta a ponta através de um modelo que agrega gestão de backoffice, de riscos e outros serviços à operação de trading.
No segmento financeiro, a Beenx coloca ao mercado uma atuação via transações digitais. A ideia é apresentar menor custo para as contrapartes em negociação. Com isso, afirma que todas as pontas estarão conectadas no mesmo ambiente para contratar as garantias financeiras. O executivo diz que dessa forma há maior segurança entre compradores e vendedores de energia, economiza tempo das partes e reduz custos operacionais em escala, afinal a contratação de garantia ainda dura dias e geralmente são feitas pelo telefone ou e-mail.
“A tecnologia blockchain da Beenx é específica de bancos. O Banco Central (BC) tem testado essa tecnologia para fazer suporte ao real digital, que está vindo como etapa de testes em 2023 e em 2024 deverá estar em operação. O ambiente no qual o real digital é construído é o mesmo no qual operamos os nossos produtos financeiros. Acreditamos que será possível integrar o real digital as operações de lastro financeiro dos contratos de energia que são fechados na Beenx”, explica. O executivo ainda destaca que o uso dessa tecnologia permitirá o uso do real digital como garantia na liquidação dos contratos no caso de um eventual default bilateral e que esse mecanismo foi pensado para dar mais segurança nas operações bilaterais evitando problemas de inadimplência.
O CEO destacou ainda que o apoio da AES Brasil à organização é uma extensão do investimento realizado no projeto de pesquisa desenvolvimento, em regime ‘open innovation´, realizado junto com a Fohat Corporation em 2019/2020, quando agregou sua experiência na criação de uma solução para a demanda de negociação de energia e certificados de energia limpa, IRECs. Em 2020 a Eneva também se interessou pelo projeto.
A ideia da companhia é a de oferecer dentro da plataforma a gestão e venda dos I-RECS. “Estamos trazendo para dentro da Beenx essa questão dos I-RECS, pois eventualmente empresas como a AES, que tem as usinas, vão vender energia renovável e emitir I-REC no Instituto Totum. Queremos trazer a gestão dos I-RECS para dentro da plataforma e permitir que as empresas possam fazer a venda dentro do ambiente de trading online. Fazer com que essas empresas cumpram seus objetivos relacionados a políticas de ESG”, destacou.