O ministro indicado de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), defendeu cautela e seriedade no trato de temas sensíveis, como a política de preços dos combustíveis e a questão das tarifas de energia elétrica. Em sua primeira entrevista após ser oficialmente indicado para ocupar o Ministério de Minas e Energia do governo Lula, ele disse que é preciso dar segurança jurídica, previsibilidade, segurança aos contratos e atrair investimentos para o setor energético, garantindo modicidade tarifária especialmente para as camadas mais pobres da população.

Silveira foi anunciado oficialmente como titular da pasta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em pronunciamento nesta quinta-feira, 29 de dezembro, no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. Lula fechou a composição de seu ministério indicando os ocupantes de 16 vagas ainda não preenchidas, entre eles o senador e a deputada eleita Marina Silva (Rede-SP), que vai para o Ministério do Meio Ambiente.

Após o anúncio, Silveira sinalizou que o governo vai começar a discutir agora o que fazer em relação à política de preços da Petrobras, e também como tratar os custos crescentes do setor elétrico, que serão pagos pelos consumidores nos próximos anos.

“Há uma grande preocupação nesse sentido. Tanto nos combustíveis, quanto na questão da energia elétrica, tema este que nós temos uma bomba armada , que é a do déficit deixado pelo atual governo”, disse.

Para o futuro ministro, será preciso agir com muito critério, seriedade, parcimônia, considerando que o MME é um ministério regulador e, portanto, exige equilíbrio para poder dar segurança jurídica e previsibilidade ao investidor.

Silveira contou à Agência CanalEnergia que está lendo o relatório final do GT de transição responsável por fazer um diagnóstico das áreas vinculadas ao ministério e propor ações emergenciais para os primeiros 100 dias de governo. Em sua avaliação, eventuais medidas têm que ser tomadas de forma cirúrgica.

O senador também integrou o grupo de transição do novo governo, mas lembrou que estava no Congresso Nacional e participou da discussão de vários temas do setor de energia elétrica. Ele destacou que se trata de uma área extremamente sensível e que demanda equilíbrio, porque lida muito com investidores privados.

Na parte de combustíveis, a decisão sobre a política da Petrobras, que é atrelada à variação dos preços internacionais, será discutida com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Para Silveira, é preciso diminuir tudo o que possa impactar a inflação. Ele elogiou a forma como Haddad tem tratado os temas da área econômica e disse que todas as medidas serão tomadas para que não haja perda do poder de compra, principalmente nas camadas mais carentes da sociedade.

Troca na Petrobras

O futuro ministro acredita que o anúncio do novo presidente da Petrobras deve ser feito durante o mês de janeiro, após discussão com o presidente Lula, que  tem sido muito cauteloso, porque é preciso observar a Lei das Estatais. Além disso, lembrou que há todo um processo interno de mudança da diretoria executiva da empresa que tem de ser observado pelo acionista controlador.

O nome cotado para o cargo é o do senador Jean Paul Prates (PT-RN), cujo mandato se encerra neste fim de ano, e a discussão é se de acordo com a lei ele poderia assumir a função. “Na interpretação de alguns juristas, que eu ouvi pela própria imprensa, ele estaria apto a poder assumir a direção da empresa, mas o presidente foi muito prudente hoje, e deve estar observando isso. E também o rito de mudança, que passa pelo conselho [de Administração] da Petrobras. O presidente, muito experiente que é, vai tomar todo o zelo e cuidado com essa questão”, ponderou.

Questionado sobre a área de mineração, que também tem sua política definida pelo ministério, Silveira disse que é um setor importante e estratégico para Brasil. E prometeu trabalhar muito para “separar o joio do trigo”, identificando quem são os empresários que atuam legalmente e os grupos que exploram o garimpo ilegal.