A Ampere Consultoria divulgou uma projeção onde estima que o risco hidrológico (GSF) das usinas hidrelétricas para o ano de 2023 deve ficar entre 67%, previsto para setembro a até 106,7%, esperado para abril. As estimativas indicam uma melhora significativa na comparação com o ano passado, devido à recomposição dos reservatórios e da falta de geração térmica fora da ordem de mérito. Mas a consultoria alerta que o segundo semestre tem uma expectativa mais pessimista, ocasionada pela maior produção de usinas eólicas.

O ápice do indicador, como apontado, acontece em abril e nos meses posteriores fica abaixo de 100%, em razão do começo do período seco. Os patamares menores devem ser registrados no inverno, entre os meses de julho, com perspectiva de 70% e setembro.

De acordo com André de Oliveira, diretor da Ampere, a chamada “safra dos ventos” toma forma e aumenta a produção dos ventos do Nordeste, deslocando a energia hidráulica, assim como a produção de biomassa. O executivo lembra que o pico sazonal da fonte eólica acontece em agosto e setembro, enquanto a baixa fica nos meses de dezembro e fevereiro. “É um ciclo constante”. Já a fonte solar não tem essa variação anual, sendo relativamente constante.

Outro ponto abordado pela Ampere é que a alocação de garantia física tende a se concentrar no segundo semestre, o que colabora para valores mais pessimistas nesse período. Essa tendência deve ser alterada apenas em 2027, quando tal determinação será baseada na geração verificada no Mecanismo de Realocação de Energia e não mais por decisão dos agentes.

A redução da carga normalmente observada nos meses mais frios, pelo menor uso de ar-condicionado em todo o país – favorece a retração no indicador. As estimativas da Ampere já consideram os efeitos da revisão de Garantia Física de Energia das UHEs despachadas centralizadamente, concluída recentemente pelo Ministério de Minas e Energia.

Ainda segundo ele, essa ‘extremização’ do índice, com valores muito altos no período úmido e muito baixos no seco deve perdurar no futuro, já que as fontes intermitentes continuam entrando em expansão, ao contrário da hidráulica. Quanto a aparente tranquilidade por conta de 2023 vir em seguida a um bom ano hídrico, Oliveira lembra que até março de 2022, mesmo com boa estimativa havia apreensão, por uma ambiente  situação crítica. Só após as chuvas desse período houve a confirmação da tranquilidade de fato. “Esse ano estamos em situação oposta, só que os sinais permanecem positivos com as chuvas, temos dois fatores juntos que trabalham para deixar uma relativa tranquilidade do ponto de vista da segurança da operação”, comenta.