A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) elaborou uma nota técnica para discutir algumas das limitações, possíveis aprimoramentos, e apresentar sensibilidades nos resultados a partir da alteração de alguns parâmetros diante das projeções feitas pelo modelo 4MD quanto à geração distribuída. O volume de inserção de novas conexões está ultrapassando a quantidade que era esperada. Atualmente são mais de 14 GW instalados nessas modalidades no país e a previsão é de agregar mais 37 GW até 2032.
Segundo a entidade, essa discrepância está relacionada com diferenças de premissas regulatórias adotadas. Um dos casos é que estava prevista a revisão da REN Aneel nº 482 em 2019, incorporada no 4MD, mas que acabou não se concretizando. Se considerava também a entrada de uma tarifa binômia para consumidores de baixa tensão. Ainda assim parte do desvio observado se justifica por premissas técnicas e de mercado adotadas, além da própria estrutura do modelo.
Para iniciar a discussão sobre os aprimoramentos necessários, foi elaborado um gráfico que compara o número verificado de adotantes em relação ao mercado potencial calculado pelo modelo. Conforme ilustra a Figura 3, o número de adotantes, especialmente na classe comercial, já se aproxima (ou ultrapassa) o mercado potencial no ano de 2022. Portanto, essa é uma evidência que o mercado potencial está subestimado para essa classe.
Segundo explicação da EPE, a nota técnica aponta que para os segmentos comerciais, grande parte das distribuidoras estão em 2022 em um momento de saturação da curva S. Ou seja, o pico de difusão anual já teria passado, entrando agora o mercado numa fase de saturação, em que um crescimento do número de adotantes seria possível basicamente através do aumento do mercado potencial (novas unidades consumidoras ou através da redução do payback). Assim conclui que as curvas bastante inclinadas podem ser um indício adicional de que o mercado potencial, especialmente comercial, esteja subestimado.
A partir da exposição de alguns pontos mais sensíveis na visão dos desenvolvedores, a área técnica da EPE identificou alguns questionamentos no intuito de receber contribuições da sociedade para o padrão desenvolvido em 2015 e que ano que vem deve ser incorporado nos programas de formação de preços do setor elétrico brasileiro. Adicionalmente a publicação cita pedidos de agentes do setor para maior granularidade aos resultados, como mais classes de consumo, e a inclusão de outras tecnologias, como baterias. Contribuições da sociedade podem ser feitas através do e-mail contato.4md@epe.gov.br, até 10 de fevereiro.
O documento propõe a revisão de alguns elementos relacionados a análise do mercado potencial por classes; o fator comercial a adotar, rogando algum dado de mercado que possa ser utilizado como proxy para essa escolha; sensibilidade do payback e métricas financeiras; parâmetros de imitação e inovação, no sentido de quais limites superiores poderiam ser utilizados; e a taxa de crescimento, em como modelar a migração para o mercado livre e a evolução de nicho para a MMGD no Brasil.
Outros pontos abordados são os fatores de diferenciação de autoconsumo e aptidão do fator local, questionando se há sugestão de metodologia para distinguir potenciais consumidores remotos e locais para unidades não residenciais, assim como qual a premissa de evolução da potência média é mais adequada para ser incorporada no 4MD.