Três das quatro instalações de transmissão atingidas por prováveis atos de sabotagem desde o início da semana foram recuperadas pelas concessionárias responsáveis. No caso do ataque mais recente, identificado nesta quinta-feira, 12 de janeiro, na LT 440kV – Assis – Sumaré (SP), da Taesa, a concessionária informou que estava atuando na recomposição do ativo.

A linha de transmissão em corrente contínua Foz do Iguaçu-Ibiúna, que transporta energia da hidrelétrica de Itaipu, teve o trabalho de restauração de quatro torres danificadas concluído no início da manhã desta sexta-feira, 13 de janeiro. Além do bipolo operado por Furnas, foram restabelecidos a LT 230kV Samuel / Ariquemes C3, da Eletronorte, e um dos circuitos que escoa energia das usinas do Madeira,  da Evoltz.

A subsidiária da Eletrobras informou em nota que a previsão inicial era de que os trabalhos seriam encerrados às 17 horas de hoje, mas conseguiu antecipar em dez horas o restabelecimento da linha de Itaipu. Foram mobilizados para isso cerca de 90 profissionais dos estados do Paraná e de São Paulo, que trabalharam na reinstalação de uma torre tombada na madrugada de segunda-feira e na recuperação de outras três danificadas.

O diretor de Operação e Manutenção da empresa, Francisco Arteiro, atribuiu a antecipação à experiência do técnicos e às boas condições climáticas na região.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica, Mário Miranda,  também destacou o esforço por parte das concessionárias. O restabelecimento das instalações mostra, segundo ele, que o sistema é robusto e reflete também a poder de logística das transmissoras.

Em entrevista à Agência CanalEnergia, Miranda lembrou que as empresas mantém equipamentos disponíveis em vários locais do país, e, se houver necessidade, uma concessionária pode ceder a outra o equipamento ou material que estiver mais perto.

As ocorrências que estão sendo investigadas como atos de sabotagem foram registradas a partir do último domingo, algumas horas após a invasão das sedes dos três poderes em Brasília por grupos bolsonaristas. Desde então, as transmissoras aumentaram o grau de fiscalização ao longo das linhas e de monitoramento de possíveis ataques cibernéticos.

Para o executivo da Abrate, é possível melhorar essa comunicação entre os órgãos envolvidos, para aprimorar o sistema de identificação de pessoas mal intencionadas, intensificando o monitoramento onde há movimentação maior de grupos radicalizados. É preciso, também, conscientizar a população da importância da energia elétrica para o país.

Risco
Os casos de sabotagem e terrorismo estão dentro da matriz de risco dos contratos de concessão das transmissoras. Em situações como essa, há divisão de responsabilidades entre o contratado e a União. “As transmissoras não são responsabilizadas, mas tem o prejuízo de recuperar a torre. Esse é o acerto que se tem no contrato de concessão. E, se for em determinado lugar, pode não ser possível acionar determinada usina, tendo que gerar de outra mais cara. Aí, o prejuízo é de toda a sociedade”, explica Miranda.

A fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica acompanha de perto a atuação das transmissoras na recomposição de instalações indisponíveis em razão de alguma ocorrência, especialmente em eventos críticos como os que ocorreram desde domingo. É, porém, responsabilidade das empresas avaliar tecnicamente a origem e a causa dos eventos, e apontar, quando possível, eventuais responsáveis ao Operador Nacional do Sistema Elétrico e à Aneel, afirma a agência reguladora.

A retomada das instalações é resultante de uma regulamentação que incentiva as empresas a recompor rapidamente o sistema, em caso de indisponibilidade de linhas e equipamentos. Quanto mais tempo eles ficam indisponíveis, mais a concessionária tem prejuízo, pois sofre redução na receita proporcional ao tempo em que o serviço fica interrompido.