O cenário para 2050 projetado pela BP e apresentado nesta segunda-feira, 30 de janeiro, em Londres, mostra uma mudança significativa em como o mundo consumirá energia nos próximos 27 anos. Enquanto a participação de energia elétrica aumentará em termos de demanda de energéticos, os combustíveis fósseis deverão seguir em direção oposta. Essas são algumas das constatações da atualização do BP Outlook, versão 2023, e que está disponível para download, em inglês.

De acordo com os dados, os hidrocarbonetos, que atualmente respondem por pouco menos de 80% da energia primária em termos globais, deverão recuar entre 20 a 60 pontos percentuais a depender do cenário avaliado. Enquanto isso a eletricidade passará de uma participação dos atuais 20% para a faixa entre 30% a 50%.

A demanda de petróleo que é de quase 100 milhões de barris diários recuará até 2050. O ritmo varia e pode chegar a esse horizonte entre menos de 80 milhões de barris e para um ponto mais radical chegar a 20 milhões de barris daqui a 27 anos. O cenário intermediário indica uma demanda de pouco mais de 40 milhões de barris diários.

Os cenários que são considerados no estudo Outlook 2023 vão do mais conservador, chamado de New Momentum, com o ritmo de investimento atual e as metas anunciadas de descarbonização, há o intermediário que é chamado de Accelerated e o mais incisivo que é o Net Zero em relação à emissão de gases de efeito estufa.

O gás natural segue o caminho da expansão no cenário atual passando de 4 mil Bcm para um patamar de cerca de 5 mil Bcm. Já nos outros dois cenários esse combustível também aponta retração, no intermediário, para pouco mais de 2 mil Bcm e no Net Zero recua para algo como 1,8 mil Bcm.

O economista chefe da BP, Spencer Dale, explica que a expansão da eletricidade está baseado principalmente em edificações e, mais ainda, na eletrificação da frota de veículos, com destaque para os de menor porte.

“O transporte rodoviário apresenta duas tendências que reduzem a dependência do uso de combustíveis fósseis, um é o aumento da eficiência energética e o segundo é o maior número de veículos elétricos, esses são os fatores fundamentais”, afirmou ele durante sua apresentação.

Edificações passarão de um uso de pouco mais de 30% para algo entre 50% a 75%. Já transportes avançarão mais proporcionalmente. Isso por conta da representatividade quase zero atual para uma faixa de 20% a mais de 45%. A indústria já é altamente eletrificada, poderá avançar de 20% para até 40%. Esses índices levam em comparação dados de 2019.

Em eletricidade o destaque ficou por conta do aumento da participação das renováveis como fontes primárias. Notadamente solar e eólica. Sem deixar de mencionar os biocombustíveis. A faixa passa dos atuais 15% para uma faixa que vai de cerca de 35% para pouco mais de 60% a depender do cenário ate 2050.

No que se refere ao H2, os valores passam do quase zero atual para uma faixa de 5% a 20% do uso de energia para sua produção. Na visão da BP, explica Dale, as cores do H2 ficarão entre o verde e o azul.

Como consequência desse conjunto de expectativas as emissões de CO2 equivalentes recuam em todos os cenários até 2050. O volume é que difere. No nível mais baixo o de zero líquido é de cerca de 3 Gt , no intermediário fica em cerca de 10 Gt e considerando o momento atual ainda se situa em cerca de 30 Gt, ante os cerca de 40 Gt do momento pré-covid, em 2019.

Na comparação com a versão do ano passado, o BP Outlook indica uma redução no consumo de energia de 2% no cenário mais conservador do estudo. A demanda por petróleo recua pouco mais de 5%, enquanto por gás natural tem retração de mais de 6%, muito em função da guerra entre Rússia e Ucrânia, por ser esta primeira alvo de sanções globais e representar um país com um importante volume de reservas. O carvão também recua, em índice de 3%. No sentido contrário, renováveis deverão aumentar mais de 5% na comparação com a projeção do ano passado e a nuclear em 2%.