Em compromissos diferentes nesta segunda-feira, 30 de janeiro, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Meio Ambiente, Marina Silva, reforçaram a oportunidade que o Brasil terá nos próximos anos de se transformar no grande fornecedor de energia limpa para outros países do mundo. Para Haddad, este pode ser o caminho para a reindustrialização do país, enquanto Marina acredita tanto na possibilidade de exportar energia para a Europa, em função do potencial de produção de hidrogênio verde, quanto atrair investimentos de empresas europeias.

“O mundo inteiro está em busca de energia limpa. As indústrias estão escolhendo o local para se instalar com base em energia limpa. E o Brasil é o país que está mais bem posicionado para produzir hidrogênio verde, energia eólica, solar e biomassa. Tudo o que está disponível tecnologicamente nós estamos com vantagem competitiva, e isso pode ser um forte componente de atração de investimentos estrangeiros para o Brasil e de reindustrialização do capital nacional, se tomarmos algumas medidas centrais para pensar o reposicionamento da indústria na nossa economia”, disse o ministro durante reunião de diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

Em entrevista coletiva após reunião com a ministra alemã da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento, Svenja Schulze, Marina Silva destacou a importância das parcerias com os europeus. No caso da Alemanha, haverá um reforço de 203 milhões de euros (R$ 1,1 bilhão) do país europeu para ações socioambientais no Brasil.

“O Brasil está fazendo um esforço muito grande pra ampliar a cooperação de base tecnológica também. Acordo de cooperação técnico e científico para que possamos acelerar ainda mais a possibilidade de o Brasil ser um grande fornecedor de energia para a Europa, em função do potencial que temos de produção de hidrogênio verde. Mas, também, a busca de parceria com empresas alemãs, empresas europeias, para que possamos ter investimentos no Brasil nessa agenda”, disse Marina.

Svenja Schulze reforçou a agenda conjunta dos dois países, inclusive no setor energético, no que ela classificou como um apoio mútuo. “O Brasil realmente pode ser uma nação líder na área de hidrogênio verde.”

O pacote anunciado hoje pelas duas ministras para os próximos 100 dias prevê 35 milhões de euros para o Fundo Amazônia, que tem como gestor o BNDES e 31 milhões de euros para um fundo de apoio aos estados amazônicos, em projetos de proteção e uso sustentável das florestas, alinhados com o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia. O PPCDAM será atualizado pelo governo federal, segundo o Ministério do Meio Ambiente.

Estão incluídos ainda 29,5 milhões de euros para um fundo garantidor de eficiência energética para pequenas e médias empresas, via BNDES, e 80 milhões de euros em empréstimos com juros reduzidos a agricultores, voltado para o reflorestamento, por meio do Banco do Brasil.

Outros 13,1 milhões de euros são para a recuperação de áreas degradadas, com apoio a pequenos agricultores; 9 milhões de euros vão apoiar cadeias de abastecimento sustentáveis (dois projetos da agência alemã GIZ com o Ministério da Agricultura e IFAD); 5,37 milhões de euros irão para o fomento de energias renováveis na indústria e no setor de transportes (consultoria da GIZ com o Ministério de Minas e Energia).

Segundo Schulz, a ideia e fazer rapidamente cooperação, com um programa imediato já para os primeiros 100 dias. Mas este seria o primeiro pacote, já que a Alemanha pretende fazer novas negociações anualmente.

A ministra Marina Silva anunciou que os recursos do Fundo Amazônia estão sendo direcionados neste primeiro momento a questões emergenciais, como a situação de saúde, o grave problema de fome e a segurança do povo Yanomami, em um primeiro passo para a desintrusão (retirada) de garimpeiros ilegais da terra indígena.