A agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou a nota de default do emissor em moeda local e moeda estrangeira (IDRs) da Light e de suas subsidiárias integrais Light Serviços de Eletricidade (Light Sesa) e Light Energia para ‘CCC+’ do atual patamar de ‘BB-‘. A Fitch também rebaixou os ratings na Escala Nacional dessas entidades para ‘CCC(bra)’ de ‘AA-(bra)’. Os ratings dos instrumentos de dívida em moeda estrangeira e em moeda local foram rebaixados para ‘CCC+’/’RR4’ e ‘CCC(bra)’.

De acordo com a Fitch, os rebaixamentos refletem um risco de crédito substancial para a Light no pagamento pontual de principal e juros de suas obrigações. Essa avaliação veio após o anúncio de que havia contratado a Laplace Finanças com o objetivo de melhorar sua estrutura de capital e o mercado de crédito mais restritivo devido à inadimplência da Americanas.

Na análise da agência, a confluência desses fatores reduz substancialmente a capacidade do grupo de levantar necessidades de financiamento para suportar seu FCF negativo esperado e a amortização da dívida. Antes desses desenvolvimentos recentes, a Fitch esperava que a Light levantasse até R$ 1,8 bilhão em 2023 por meio da securitização de recebíveis para atender às suas necessidades de financiamento”. Para 2024 a estimativa era de captação de R$ 1,5 bilhão.

Para a Fitch, a Light precisará manter o acesso a financiamentos bancários ou do mercado de capitais para evitar uma reestruturação em meio a um cenário que classificou como desafiador. E que na ausência de financiamento adicional, a empresa precisará de alguma combinação de venda de ativos, uma oferta subsequente de ações ou mais clareza sobre a renovação da concessão da distribuidora que é a principal subsidiária da empresa.

“A Fitch acredita que a contratação de Laplace, que assessora várias empresas que reestruturaram dívidas no Brasil, reduz significativamente a disposição dos credores de fornecer novos financiamentos ao grupo para cobrir suas necessidades de financiamento de 2023 e 2024”, apontou em seu relatório.

Apesar de ser outro segmento, a recente recuperação judicial da Americanas também pode desempenhar um papel na capacidade da elétrica em levantar dívidas. Isso se deve pelo fato de que vários credores sofreram perdas materiais com esse processo.

O potencial efeito sobre a capacidade da Light de refinanciar dívida devido à incerteza em torno da renovação da concessão da Light Sesa já havia sido uma consideração de crédito importante para a última revisão da Perspectiva que passou de Estável para Negativa. Com isso, novas emissões de dívida provavelmente se tornarão mais desafiadoras.

Em caso de não renovação da concessão da distribuidora, a empresa deveria receber uma indenização por dívidas não amortizadas ativos iguais à sua base de ativos, atualmente avaliada em R$ 10,1 bilhões, que se compara a uma dívida consolidada no balanço de cerca de R$ 13 bilhões e uma posição de caixa de R$ 4 bilhões em setembro de 2022.

Assim, diz a Fitch, a indenização suporta a perspectiva de recuperação de detentores de dívidas, se necessário.

Para terminar, a agência aponta que a alavancagem ajustada consolidada da Light deve permanecer em níveis moderados, apesar de moderada a alta no nível da Light Sesa. O cenário base estima uma dívida líquida ajustada/Ebitda de 4,3x em 2022 e 4,1x em 2023, incluindo garantias prestadas à Norte Energia como dívida fora do balanço. Para a Light Sesa, a alavancagem líquida é estimada em 5,5x em 2022 e 5,2x em 2023, ante 6,9x em setembro de 2022.