Levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria revela que 56% das empresas atendidas em alta tensão que estão no mercado cativo têm interesse em migrar para o mercado livre a partir de 2024. A CNI estima que 45 mil indústrias terão condições de mudar de ambiente, e aquelas que optarem por escolher livremente seu fornecedor de energia poderão ter, em média, uma economia de 15% a 20% na conta de luz.
Uma portaria publicada no ano passado pelo Ministério de Minas e Energia determina a abertura total do mercado de alta tensão a partir de janeiro do ano que vem, com a retirada de todas as barreiras de acesso aos consumidores que ainda não se enquadram nos requisitos de migração.
A Sondagem Especial Indústria e Energia, divulgada nesta sexta-feira, 3 de fevereiro, foi feita em outubro ao ano passado com 2.016 empresas, sendo 794 pequenas, 724 médias e 498 grandes. Entre as que ainda não estão no Ambiente de Comercialização Livre, mas preenchem as condições para deixar o mercado regulado, 7% descartaram a mudança e 37% não souberam responder. Atualmente, 10,5 mil indústria já estão no ACL.
Para a CNI, o resultado mostra que ou a proposta do MME ainda está sendo avaliada, ou falta informação para as empresas sobre a possibilidade de mudança para o mercado livre. “Nota-se, pelo elevado percentual de empresas que não souberam responder, que a necessidade de discussão sobre o tema com o setor industrial precisa ser ampliado para todos os tipos de empresa,” conclui o documento.
O especialista em Energia da entidade, Roberto Wagner Pereira, avalia que o momento atual é de preparação por parte das empresas para a migração. “2023 será um ano para estudar o mercado, planejar e fazer contas sobre a viabilidade de ingressar no mercado livre”, disse o técnico.
A pesquisa da confederação traz dados ilustrativos do impacto da energia elétrica no processo produtivo dos diferentes setores industriais. Ela mostra que 78% da indústria brasileira utiliza a eletricidade como principal fonte de energia. O percentual chega a 81%, no caso das pequenas empresas e na indústria de transformação, e a 93% nos setores de máquinas e equipamentos e outros equipamentos de transporte.
Nos últimos doze meses, o aumento médio do insumo no custo total de produção foi de cerca de 13% para 75% das empresas, com impacto médio ou alto para 40% delas.
Entre as empresas ouvidas, 69% estão no Grupo A (média ou alta tensão, acima de 2,3 kV ) e 16% no Grupo B (baixa tensão). Entre as pequenas, 70% compram energia no mercado regulado, e entre as médias esse percentual é de 57%. Já as grandes industrias tem maior inserção no mercado livre, com 59%, sendo que, desses, 52% são supridos exclusivamente por contratos no ACL.
Eficiência energética
A sondagem também mostra que 52% das empresas investiu em máquinas mais eficientes, percentual que alcança 63% entre as grandes empresas. Parte da indústria, 38%, realizou ações ou programas de eficiência energética, e entre as que investiram em maquinário, o índice é de 56%.