A Aeris Energy apresentou prejuízo líquido de R$ 39 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22) e R$ 92 milhões no ano de 2022. Já o EBITDA da companhia no trimestre atingiu R$ 80 milhões e no ano atingiu R$ 267 milhões, um aumento de 24,7% quando comparado ao 3T22 e um aumento de 7,9% quando comparado a 2021.

O diretor presidente da Aeris, Alexandre Negrão, destacou durante teleconferência com investidores que o mercado eólico no Brasil e no mundo continua robusto e no próximo trimestre as agências globais deverão apresentar seus relatórios com números oficiais de pás eólicas instaladas a nível global. Segundo ele, a companhia continua confiante na teoria de descarbonização e terá grande parte do share desse mercado. “Estamos em conversa com clientes para readequação de preços e de extensão de contratos e isso mostra que apesar das dificuldades e da entrega aquém daquilo que imaginávamos a confiança entre a Aeris e os clientes continua forte. Estamos trabalhando forte para restabelecer o equilibro econômico e financeiro a níveis históricos”, disse.

De acordo com a Aeris, as linhas de produção maduras geraram R$ 71 milhões de EBITDA, com margem EBITDA de 12,8%, sendo positivamente afetada por repasse retroativos de custos de matérias primas. Já as linhas não maduras geraram R$ 5 milhões com margem de 7,2%, enquanto que as unidade de negócio de serviços apresentaram EBITDA de R$ 4 milhões com margem de 16,4%.

Em 2022, a receita operacional líquida atingiu R$ 2,4 bilhões, em linha com o mesmo período do ano anterior. No 4T22, a ROL foi de R$ 654 milhões, um aumento de 4,7% quando comparado ao 3T22. Segundo a companhia, a principal causa desse aumento está relacionada à variação de 14,3% no preço médio de venda das pás (em USD/MW), a qual foi parcialmente compensada pela redução de 8,6% no volume faturado em MW. Parte do aumento de preço se deve ao reajuste retroativo do repasse do custo de materiais diretos. A unidade de negócios de serviços nos EUA também contribuiu positivamente para o aumento da receita.

Já a margem bruta apresentou um aumento de 3,9 pontos percentuais em relação ao 3T22, atingindo 15,5% no 4T22. Em 2022 a margem bruta foi de 11,9%, aumento de 0,4 pontos percentuais em relação a 2021.

Os custos com materiais diretos representaram 75,3% do CPV em 2022 em comparação aos 81,6% em 2021, uma redução de 6,3 p.p.. O aumento da representatividade dos custos de mão de obra decorre da menor eficiência operacional apresentada principalmente nas linhas que iniciaram o ano de 2022 com status de não maduras. Tais linhas demandaram um maior ciclo de fabricação nas atividades de acabamento, o que também afeta negativamente a necessidade de capital de giro da companhia.

O fluxo de caixa das atividades operacionais consumiu R$ 13 milhões em 2022. O principal destaque foi a combinação entre o aumento na posição de adiantamento de clientes e a redução das contas a receber no montante de R$ 689 milhões que foi totalmente consumida pelo aumento dos estoques de R$ 700 milhões, principalmente causado pelo aumento no prazo médio de fabricação decorrente das mudanças de projetos solicitadas pelos clientes. O fluxo de caixa das atividades de investimento, consumiu R$ 87 milhões em 2022.

De acordo com dados da Aeris, as potenciais ordens cobertas por contratos de longo prazo totalizam 2.126 sets de pás com potência equivalente a 10,5 GW. Usando-se a taxa de câmbio de encerramento do 3T22, a receita líquida potencial dos contratos de longo prazo da companhia totaliza R$ 8 bilhões.

Em 2022 foram produzidas 1.800 pás, o que equivale a 2,8 GW em potência de aerogeradores. Desde a primeira pá entregue em 2012, já são mais de 13.600 pás produzidas, o suficiente para equipar 14,2 GW equivalentes de usinas eólicas, mais do que a potência da usina hidrelétrica de Itaipu. Desse montante, foram destinados 3,9 GW para exportação e 10,3 GW para o mercado doméstico, sendo 8,3 GW para usinas eólicas que já entraram em operação no Brasil e 2,0 GW de pás que já estão em parques em construção ou se encontram disponíveis para coleta dos clientes nos pátios da Aeris. De acordo com o diretor de planejamento e de relações com investidores, Bruno Lolli, as projeções de entrega, receitas e de resultados operacionais para 2022 foram frustradas por uma série de desafios não previstos relacionados às mudanças nos projetos de pás em linhas já maduras e na estabilização dos ciclos de produção das linhas que se tornaram maduras ao longo do ano de 2022. Ele ainda afirmou que o desafio com as pás maiores fez com que as projeções não fossem cumpridas em 2022.

A Aeris Energy investiu R$ 87 milhões em 2022 contra os R$ 394 milhões em 2021. A companhia afirmou que esses investimentos foram destinados à conclusão das adequações fabris necessárias para o atendimento das linhas de produção instaladas no 4T21 e ao aumento da capacidade produtiva nas estações de acabamento de pás a fim de balancear os gargalos produtivos na busca da redução do prazo médio de fabricação. Considerando que a companhia passará a operar com a totalidade das linhas classificadas como maduras a partir do 1T23, o uso dos recursos provenientes da oferta primária realizada em 2020 destinados a expansão de capacidade está concluído.

Lolli declarou que a companhia tem um investimento relevante para 2023 que é a renovação de um contrato e a adição de uma linha de produção. O executivo ainda afirmou que hoje a Aeris não tem planos de ativos para expansão para os Estados Unidos e afirmou que produzir no Brasil ainda continua sendo uma decisão melhor. Mais segundo ele, isso é uma decisão recorrente com os clientes.