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Visando captar recursos para projetos de venda de créditos de carbono e outros investimentos internos, a Urca Trading realizou a tokenização de seis contratos de energia no mercado livre em uma operação com cinco meses de vencimento, 18% de taxas de juros pré-fixadas (acima da Selic) e garantia dos recebíveis. Mais de mil pessoas físicas se interessaram na liquidação, com a rodada finalizada em janeiro registrando tíquete médio de R$ 5.400,00 por investidor, a um valor mínimo de R$ 100 para participação.

Em entrevista à Agência CanalEnergia, o CEO da empresa e cofundador do Grupo Urca Energia, Pedro Assumpção, conceituou os tokens de energia como a representação digital na tecnologia Blockchain Ethereum de contratos no ambiente livre, funcionando como um ativo digital no mercado de bitcoins para alavancagem de capital do tipo renda fixa e sem nenhuma criptomoeda específica por trás da operação. No caso foram pagos mais de R$ 6,3 milhões, com cada investidor que aplicou R$ 100 recebendo R$ 105,98, mas o que a companhia pode observar foram também boletas com aportes maiores, indo de R$ 100 mil até R$ 600 mil.

“No fim do dia pegamos um pool de contratos da comercializadora e fazemos uma operação similar a uma securetização de recebível tradicional do mercado financeiro, mas sendo transformado em uma tokenização fungível que pode ser comercializado entre outras pessoas, diferentemente das chamadas NFTs, que são únicos”, esclarece o executivo.

Segundo ele, essa é a maior e a segunda operação desse tipo feita no Brasil, com um volume e força de distribuição surpreendendo a empresa, que afirma ter vendido todos os tokens em 32 horas e aproximadamente 1/3 antes de fazer qualquer campanha de marketing, só pelo fato de subir a iniciativa na plataforma.

“Ficamos surpresos com a sobredemanda desse ecossistema cripto para esse tipo de ativo. Algo que para o grande público ainda gera bastante dúvida sobre o funcionamento da captação”, comentou Assumpção, que enxerga um mercado muito prolífico e potencializado pela pandemia, com as empresas olhando mais e pensando em iniciativas de longo prazo em relação as suas emissões de carbono.

Grupo possui cerca de 40 MW operacionais oriundos de biogás de aterro sanitário e dejetos do agronegócio (Grupo Urca) 

O CEO ressaltou que a comercializadora tem estruturado uma mesa de soluções de carbono, como se fosse uma jornada de descarbonização e investido bastante na compra de créditos, fazendo operações e contratando pessoas. Outro ponto é que desde sua criação em 2019, o corpo técnico foi desenvolvendo características e habilidades nos projetos de geração, vendo sentido em compartilhar essa expertise como um diferencial num mercado segmentado por nichos especializados e talvez não com uma ampla gama de soluções.

“Temos também essa veia ESG no grupo, sendo o maior produtor de biometano no Brasil e com biogás para geração de energia aprendemos muito nos últimos anos nessa questão da tratativa do carbono, em como fazer toda homologação, certificação, inventário e a própria comercialização”, explica Pedro.

Questionado sobre a próxima rodada de captação nos moldes da tokenização, o dirigente lembrou que quando a operação foi estruturada, entre 2019 e 2020, os juros estavam a 2,5% e que atualmente o custo de capital para qualquer operação de dívida está muito elevado pelo contexto macroeconômico do país.

“Estamos estudando outras operações nesse mercado ainda nesse ano, seja renda fixa digital ou produtos que tenham outros tipos de risco e upside que possamos dividir com investidor de pessoa física, como o risco direcional de preço da energia”, informa Pedro Assumpção, da Urca Energia.

Comercialização e geração

Na área do trading a companhia celebra 150 contrapartes e R$ 1,1 bilhão em contratos de energia, tendo atingido mais de 3.600 GWh comercializados desde 2022 e faturamento bruto de R$ 240 milhões no ano passado com a originação de produtos  criativos para os clientes. “Nesse ano e os próximos serão desafiadores para o setor no sentido de ter êxito na comercialização, visto que os preços da energia estão baixos após a crise hídrica que passou, o que diminui a volatilidade do trading no médio prazo”, analisa Assumpção.

Nesse sentido, a Urca Trading tem pensado em outras alternativas para rentabilizar o capital de forma eficiente, com produtos estruturados em créditos de carbono e olhando os ativos de geração, de olho também na abertura de mercado. Um dos orgulhos são os cerca de 2,3 milhões de toneladas de carbono cancelados voluntariamente em favor da UTE Prosperidade III, e que seria a primeira térmica carbono neutro do Brasil.

Segundo Assumpção, é preciso se preparar para a abertura de mercado o quanto antes e quem for “front runner” terá vantagens competitivas num processo similar ao que aconteceu com o setor de Telecomunicações no passado, um negócio intensivo em tecnologia e canais de distribuição.

“Entender qual vai ser o caminho para extrair o máximo de valor e prover a melhor experiência de usuário aos clientes finais, seja atacado ou varejo”, pontua, afirmando que a proposta para esse ano é seguir gerando e acumulando caixa e balanço para conseguir capturar oportunidades pontuais focadas em créditos de carbono, geração de energia e em alongar a operação de trading, com prazos até 2029.

Grupo Urca prospecta pipeline e pode investir em GD solar em 2023. Pedro Assumpção, CEO da Urca Trading

A comercializadora não possui ativos de geração próprio, no mesmo CNPJ do grupo, algo almejado também para esse ano, entendendo ser mais uma vantagem competitiva dentro da tese de abertura de mercado, na medida em que é possível controlar mais a demanda e de certa forma a oferta na mesma estrutura, verticalizando a cadeia e gerando ganhos de eficiência.

Dentro do grupo são cerca de 40 MW médios de geração a biogás, parte para o mercado livre e outra para Geração Distribuída, com fator de capacidade de quase 95%, o que representaria uns 200 MW de solar instalado. Aliás, os painéis fotovoltaicos podem ser a próxima aposta da companhia na capacidade instalada renovável após o crescimento verificado para o biogás, vendo menos desafios técnicos que uma eólica ou PCH.

“Para mercado livre é difícil fechar ainda a conta, a não ser que se consiga estruturar algum modelo muito criativo de off-take das usinas, dos PPAs, mas mesmo assim a diferença de rentabilidade para a GD solar é significativa. Estamos prospectando para ver qual tamanho de pipeline vamos entrar, para além dos investimentos já anunciados”, avalia, salientando que a empresa também poderá investir em GD, vendo uma janela de oportunidade mesmo num mercado com bastante players.

O Grupo Urca Energia possui um plano de aportar R$ 500 milhões até o fim de 2023 para expansão da planta de Seropédica (RJ), que passará de 120 mil m³/dia para 200 mil m³/dia de biometano; transformação das térmicas a biogás de Nova Iguaçu e São Gonçalo em plantas para a produção de biometano; uma nova planta de CO2 verde food grade, além de melhoria da logística da Urca Gás, outra associada da holding.