Representantes de empresas da cadeia produtiva da hidreletricidade do Brasil, elaboraram uma carta aberta ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, com as recomendações consideradas mais imediatas para destravar o desenvolvimento da geração hidrelétrica no país. O documento – originado de propostas para alavancar o setor discutidas durante reunião entre a International Hydropower Association e empresas do setor, no Rio de Janeiro (RJ) – destaca a escassez de novos projetos de grandes e médias UHEs no país e lista medidas que podem contribuir para a retomada da expansão do segmento, essenciais para a segurança e transição energéticas, assim como para o desenvolvimento econômico.
Uma das recomendações se refere ao grande potencial de desenvolvimento de hidrelétrica de médio porte, com menor complexidade de licenciamento ambiental e capazes de dinamizar o segmento e assegurar energia para a expansão da geração. Outro ponto importante é a modernização das UHEs já existentes, resultando em um ganho expressivo de energia. O documento ressalta que esta oportunidade já foi, inclusive, apontada em estudos da Empresa de Pesquisa Energética.
O diretor de Comunicação e Responsabilidade Corporativa da Engie Brasil e conselheiro da IHA, Gil Maranhão, ressalta que é importante seguir investindo no desenvolvimento da fonte para garantir a segurança do sistema, paralelamente com o crescimento de outras fontes renováveis como eólica e solar. Para Adriana Waltrick, CEO da SPIC Brasil, conta que o objetivo é discutir e propor uma regulação que permita a instalação de mais turbinas em usinas existentes, quando houver a possibilidade, como na UHE São Simão, que passa por um processo de digitalização e modernização. A digitalização das usinas permite trabalhar uma potência maior e imaginar sua expansão, desde que a regulação permita.
Cláudio Trejger, CEO da divisão de Hydro da GE Renewable Energy na América Latina, vê um cenário bastante propício para que a geração hidrelétrica se torne ainda mais relevante no setor elétrico nacional, possibilitando a produção de mais energia confiável e competitiva para o país.
Em resumo, as recomendações endereçadas pela IHA são:
1.Utilização do Padrão de Sustentabilidade Hidrelétrica nos processos de desenvolvimento, implantação, financiamento e operação de UHEs.
2. Promoção da preparação de projetos para concessão. Sem os devidos estímulos, financiamentos e garantia de reembolso do investimento nos estudos, as empresas de engenharia e investidores-operadores não elaboram esses estudos e, consequentemente, não há novas concessões.
3. Melhora da regulamentação de forma a remunerar adequadamente as usinas hidrelétricas e reservatórios por seus serviços ancilares, como flexibilidade, despacho e armazenamento, que ajudam a viabilizar fontes intermitentes de energia.
4. Aumento da capacidade das centrais existentes através da modernização, estimando-se um aumento de 5% a 20% da capacidade instalada em 51 centrais antigas.