Os investimentos da CPFL Energia de 2023 a 2027 somam o nível recorde de R$ 25,4 bilhões por conta dos impactos da inflação global sobre insumos e equipamentos, bem como serviços. Outro destaque ficou por conta da CPFL Transmissão, resultado da aquisição da CEEE-T que deverá consumir o dobro dos recursos necessários e estimados em R$ 1,5 bilhão no dia do leilão.
Gustavo Estrella, CEO do Grupo CPFL Energia, destacou que o plano da empresa prevê naturalmente a maior parte dos aportes em distribuição por conta da recorrência dessa medida para atendimento dos cerca de 10 milhões de consumidores da empresa. São cerca de R$ 20 bilhões para ampliação e modernização da rede, mas os valores sofreram um reajuste de preços.
Em Geração, possui uma PCH em construção no Paraná que é o alvo da maior parte dos investimentos nessa modalidade. O restante, detalhou ele, será dedicado para a manutenção do parque gerador existente, que soma atualmente 4,5 GW.
Estrella disse que por enquanto essa é a perspectiva de aportes nesse segmento porque há uma sobreoferta de energia no país em decorrência de consumo mais moderado e a expansão do sistema que vem dificultando a viabilização de novos projetos. No mercado regulado por conta dos leilões com menor porte e no mercado livre a questão dos preços de energia que acabam reduzindo preços de contratos, em geral e que traçam esse cenário.
“Temos um pipeline de projetos que soma mais de 3 GW de capacidade, os projetos estão desenhados, com medição de ventos, mas o que precisamos é de um canal para vender essa energia que poderia ser no mercado regulado ou livre”, comentou ele após evento de entrega de sistema de dessalinização a comunidades indígenas na região conhecida como Mato Grande (RN).
Segundo o executivo, a abertura do mercado livre para a alta tensão que ocorrerá a partir de janeiro de 2024 pode ser o gatilho dessa viabilização de novos projetos. Contudo, ele se posiciona de forma mais centrada ao lembrar que é necessário verificar qual é a velocidade que se dará a migração dos consumidores, a estimativa é de que cerca de 110 mil unidades possam se tornar elegíveis ao ACL com a medida anunciada no ano passado.
Além disso, destacou que a CPFL Energia possui seu portfólio de garantia física já contratado totalmente até 2026 a 2027 em acordos de longo prazo. Comercialização de energia, por enquanto, aparentemente deverá ser centralizada na subsidiária responsável por esta atividade do Grupo, a CPFL Soluções.
Aliás ainda sobre o mercado livre, Estrella comentou que a decisão da Justiça que atendeu a um pedido que retirou a TEO Itaipu do PLD Mínimo é o tipo de decisão que não ajuda o setor, cria instabilidade e volatilidade. Em sua análise, esse é o tipo de assunto que deve ser desenvolvido de forma multilateral com os diversos agentes interessados sentados à mesa. Entre eles, a participação fundamental do Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional de Energia Elétrica.
“Isso se faz de forma planejada e organizada, toda vez que se tem uma decisão assim cria instabilidade e é negativo. O tema tem que ser posto à mesa e no tempo correto de discussão, não deve ser no curto prazo. Essa discussão é válida e o âmbito é sempre na esfera do MME, da Aneel, contando com sua capacidade técnica”, finalizou.
*O repórter viajou a convite da CPFL Energia