Os leilões de LTs que serão realizados este ano podem se transformar em oportunidades para a expansão da transmissão da Engie. Em teleconferência de resultados sexta-feira, 17 de fevereiro, o CEO da companhia, Eduardo Sattamini, revelou que esses certames têm sido bem competitivos, mas como alguns players do setor estão vendendo ativos – o que pode significar eventual aversão ao risco Brasil ou necessidade de reforço de caixa – a empresas poderia ter mais chances na disputa. “Pode ser que a gente encontre um momento bom para que a companhia capture oportunidades rentáveis dentro do setor”, avisa.

Com um pipeline de 1,8 GW de projetos, a Engie deve retardar as tomadas de decisão na expansão da geração, diante do cenário de baixos preços. Segundo Sattamini, a ordem é aguardar. “Vamos esperar que o mercado se regularize para que a gente possa executar os projetos greenfield”. aponta. Ele não descartou aquisições durante esse período, mas desde que gere valor e sinergia com os ativos.

De acordo com o executivo, a empresa olha a compra de ativos de transmissão, mas não consegue ser tão competitiva quanto os seus concorrentes de mercado. Segundo ele, o M&A na transmissão se baseia na taxa de retorno e no custo de capital, deixando os fundos de investimentos em melhor situação de disputa.

Sobre o projeto Assú Sol (RN – 752 MW), que terá investimentos de R$3,3 bilhões, mas com um break even acima de R$ 200/ MWh, o CEO justificou que isso foi levado em consideração na aprovação do projeto. O emprendimento fotovoltaico terá um período inicial de geração de caixa baixa, mas que seria crucial para o seu desenvolvimento, uma vez que ele ainda está isento da tarifa, elegível a subsídios. “Se eu não fizesse agora, iria fazer alguns anos adiante e teria uma competitividade menor no mercado”, observa.

Para o deslanche do hidrogênio verde no Brasil, o executivo vê a necessidade de apoio governamental e de regulação. Para ele, o país tem situação favorável, por ter energia verde abundante. Ainda segundo Sattamini, este excesso de oferta poderá acelerar o desenvolvimento do energético no Brasil, uma vez que a demanda do H2 verde pode fazer com que a sobre oferta seja consumida de modo mais veloz. “No Brasil, criamos um grupo no ano passado que olha projetos e se prepara para capturar oportunidades”, comenta.