A Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas defendeu que ao invés de revogação, a Agência Nacional de Energia Elétrica poderia chamar a Karpowership para negociar. A posição foi externada pelo presidente da entidade, Xisto Vieira Filho, que se mostrou preocupado com o futuro, diante da incerteza em relação a uma eventual nova crise hídrica que possa ocorrer como foi a de 2021.

O executivo destacou que a decisão que manteve a revogação das outorgas de implantação e operação de quatro termelétricas da KPS, contratadas no leilão emergencial durante a crise hídrica de 2021, traz um risco adicional caso tenhamos que recorrer novamente a um dispositivo como o PCS. Isso porque os investidores potenciais podem olhar para o país e olhar com desconfiança quanto aos passos que o Brasil poderá dar caso volte a um cenário de hidrologia favorável logo após a escassez hídrica.

“O governo fez a chamada em 2021, os investidores vieram, o cenário hídrico foi revertido, tivemos chuvas e agora enxota essas empresas do país porque não precisamos mais?”, questionou. “Olhando isso para o futuro passa um sinal muito ruim”, acrescentou.

Apesar de estar no edital a regra de que a entrada em operação deveria ocorrer em 1o de maio a até 1o de agosto, o executivo lembra que uma solução negocial seria a mais viável, pois geraria uma situação ganha-ganha, ao manter os empreendimentos no país trazendo segurança para atendimento a eventuais necessidades. “Uma possibilidade seria a negociação por reduzir a inflexibilidade das usinas contratadas como contrapartida”, exemplificou.

No caso específico da KPS, lembrou o executivo da Abraget, houve diversas dificuldades impostas por questões ambientais e de conexão por falta de documentos que para serem executadas em um período de seis a sete meses como preconizava o PCS para uma térmica, é uma janela inviável.

Aneel
A agência reguladora publicou decreto suspendendo o pagamento de R$ 259 milhões como receita programada para essa sexta-feira (17), referente a janeiro de 2023, permitindo que a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica cobre multas pelo atraso no início da operação estimadas em R$ 843 milhões pelas térmicas embarcadas Karkey 13, Karkey 19, Porsud I e Porsud II.

A Karpowership já havia recebido R$ 394 milhões em receita referente ao período de operação da usina entre setembro e dezembro do ano passado, mesmo com o atraso no início da operação e questões envolvendo combustível para a geração.