De acordo com uma pesquisa publicada pela consultoria norueguesa DNV, a indústria da eólica offshore flutuante deverá alcançar sua comercialização total sem subsídios até 2035. Essa foi a opinião de 60% dos 244 desenvolvedores, investidores, fabricantes, consultores e operadores do mundo todo convidados para o levantamento, com 25% deles apostando que esse avanço deve acontecer até 2030. Os sinais parecem promissores, com 60% das organizações produtoras de receita a partir dessa fonte planejando aumentar seus investimentos.

O CEO de Energy Systems da DNV, Ditlev Engel, declarou existir uma confiança de que essa modalidade de geração poderá alcançar sucesso comercial em pouco mais de dez anos, prevendo que 15% de toda a capacidade instalada virá de turbinas flutuantes até 2050. Para ele, os governos podem sair na frente com ações para tornar o mercado atraente para investimentos, com políticas e estruturas regulatórias estáveis e de longo prazo e fazendo a adaptação da infraestrutura básica, como em redes e portos.

“A própria indústria precisará olhar para a redução de custos por meio de maior padronização e expansão. São tempos interessantíssimos para o setor e enquanto caminhamos para a comercialização, a eólica offshore flutuante abre novas possibilidades de locais para a fonte e terá papel decisivo na transição para uma oferta de energia mais limpa,” comenta.

DNV prevê que 15% de toda a capacidade instalada offshore virá de turbinas flutuantes até 2050 (Iberdrola)

No entanto alcançar a comercialização total dependerá, em parte, do potencial de investimento dos principais mercados. O tamanho foi citado no relatório Energy Transition Outlook por 21% dos entrevistados como o primeiro critério para escolher um mercado para investir, seguido pela estabilidade regulatória e política (16%) e pela adequação da rede elétrica (12%).

Já visando ao aumento de escala, o levantamento aponta ser fundamental que o custo nivelado de energia (LCOE) caia o máximo e o mais rápido possível. É previsto que os custos nivelados para a modalidade cairão em até 80% até 2050, com 21% dos entrevistados acreditando que a padronização, seja por meio de uma redução no número de conceitos ou pelo surgimento de um conceito preferível, será o maior fator para a redução do LCOE.

Turbinas maiores e industrialização aparecem em seguida, seguidas de perto por parques eólicos maiores (permitindo economias de escala e maior capacidade instalada). A padronização também foi citada pela indústria como um fator crucial para mitigar o risco, além dos desafios impostos pelas cadeias de suprimento, com altos preços de commodities e limitações de capacidade. No entanto o principal risco citado pelos profissionais foi a falta de infraestrutura de portos.

Pesquisa aponta instalação de 300 GW de eólicas flutuantes no mundo pelos próximos 30 anos (OceanWind)

O segundo maior risco declarado foi a disponibilidade de embarcações de instalação, empatada com a capacidade. Embora a EOL flutuante geralmente não dependa desse tipo de estrutura sob medida utilizadas nas estruturas de fundo fixo, o grande número de embarcações de instalação de amarração e ancoragem e as capacidades necessárias podem conferir um desafio para a indústria, já que um número de ancoradouros e âncoras sem precedentes no setor de petróleo e gás está planejado para ser instalado nos próximos dez anos.

“A atratividade comercial vai depender da redução de custos e dos preços de captura em vários mercados. A redução dos custos não vem com a espera, o que torna crucial que a primeira geração de parques eólicos flutuantes maiores sejam instalados até 2030, para possibilitar as perspectivas promissoras para a energia eólica flutuante,” explica o diretor do segmento de energia eólica offshore flutuante da DNV, Magnus Ebbesen.

Por fim, o documento encerra afirmando que aproximadamente 300 GW de energia eólica offshore flutuante serão instalados globalmente nos próximos 30 anos, o que exigirá cerca de 20 mil turbinas, cada uma montada no topo de estruturas flutuantes que pesam mais de 5.000 toneladas e protegidas por tantas linhas de ancoragem que, se fossem amarradas de ponta a ponta, dariam a volta ao mundo duas vezes.