Com o objetivo de simplificar a estrutura empresarial, a EDP anunciou nesta quarta-feira, 02 de março, o lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) de 100% sobre a sua subsidiária EDP Brasil, visando a sua retirada da bolsa de valores brasileira. O objetivo da operação é acelerar e reforçar a posição do grupo no Brasil, uma vez que o referido ativo possui um alto valor agregado e estratégico ao negócio, além de ser uma aposta no mercado brasileiro.
O presidente executivo da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade, disse hoje durante teleconferência para apresentação dos resultados de 2022 e a atualização do plano estratégico do grupo, que a empresa pretende fazer uma oferta para comprar as ações minoritárias no Brasil e simplificar a organização. De acordo com o executivo, o objetivo é a otimização das organizações do grupo no país e vê boas oportunidades de crescimento. “Queremos apostar nos nossos ativos no Brasil e acreditamos que o melhor é ir e comprar os ativos”, disse. O processo terá um cronograma esperado de pelo menos 7 meses, e deve estar concluído até o final deste ano.
O preço atribuído pela EDP para cada ação objeto da OPA será de R$ 24,00 por ação, a ser pago à vista e em moeda corrente nacional, equivalente a um prêmio de 22,26% sobre o preço de fechamento por ação do pregão de 01 de março de 2023, de R$19,63. Segundo o executivo, o fechamento do capital da EDP Brasil, financiado pelo aumento de capital da EDP em € 1 bilhão, vai promover simplificação corporativa.
Ainda durante a teleconferência, a EDP apresentou um novo plano estratégico que prevê um investimento de € 25 bilhões até 2026 para potenciar renováveis e suportar os compromissos de neutralidade carbônica do grupo. Com isso, a companhia vai reforçar ainda mais a ambição de liderar a transição energética.
O plano estratégico 2023-26 segue uma abordagem seletiva e disciplinada, alocando 85% do investimento em renováveis, clientes e gestão de energia e 15% em redes de eletricidade em mercados de elevado crescimento e baixo risco, em quatro hubs regionais: Europa (40% do investimento), América do Norte (40%), América do Sul (15%) e Ásia-Pacífico (5%). A taxa de investimento anual da EDP irá aumentar em 30% face ao plano anterior para € 6,2 bilhões, mantendo o crescimento sustentável e excelência ESG numa organização à prova de futuro.
A eólica onshore e o solar de grande escala vão representar, respetivamente, 40% do plano de investimento de € 21 bilhões no segmento das renováveis, complementados por tecnologias emergentes como o solar distribuído (12%), armazenamento e hidrogênio (3%). A eólica offshore vai representar 5% do investimento total, por meio da joint venture Ocean Winds e com uma forte expectativa de crescimento para os próximos 10 a 15 anos. Um mix tecnológico diversificado de energias renováveis é apoiado e reforçado por um portfólio hídrico com um forte perfil de geração de fluxos de caixa, proporcionando ao mesmo tempo flexibilidade e capacidades de armazenamento.
No segmento das redes de eletricidade, no qual serão alocados € 4 bilhões do plano de investimento, a EDP irá aumentar e diversificar o seu portfólio, que continuará a representar um fator de estabilidade para o negócio do grupo. O plano estratégico prevê ainda a expansão das linhas de distribuição para 400 mil quilômetros, 9 milhões de medidores inteligentes (mais 500 mil face a 2022) e 12 milhões de pontos de acesso (mais 2,5 milhões do que em 2022).
E a fim de financiar parcialmente o seu plano de negócios, a EDP Renováveis pretende angariar capital e celebrar um acordo de investimento com a Lisson Grove Investment Pte Ltd, uma filial da GIC Pte Ltd., o fundo soberano de Singapura e um dos principais investidores mundiais a longo prazo, no qual esta última se comprometeu a subscrever 1 bilhão de euros de novas ações num aumento de capital. O compromisso da GIC de subscrever ações da EDPR está sujeito à decisão da EDPR de lançar a transação num momento apropriado, face às condições de mercado.