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Pesquisa feita pela PwC com CEOs em mais de 100 países mostra que os executivos vivem o desafio de buscar o equilíbrio entre resolver problemas do presente ao mesmo tempo em que devem preparar as empresas para a transformação que virá no futuro. No Brasil, 27% dos CEOs da indústria de Energia e Serviços de Utilidade Pública não acreditam que suas empresas serão economicamente viáveis em dez anos caso se mantenham na rota atual, o que vai demandar uma transformação dos negócios. A 26ª Global CEO Survey aborda as perspectivas dos CEOs sobre crescimento, ameaças, prioridades estratégicas e investimentos.

O sócio da PwC Adriano Correia destaca que apesar do percentual baixo que vê necessidade de mudança, há uma indicação na pesquisa sobre investimentos nos próximos 12 meses em que automação de processos e sistemas, upskilling da força de trabalho e implantação de tecnologia lideram com alto índice, o que pode ser um fator sinalizador. “Vai existir uma transformação tão grande em mais de dez anos aqui no Brasil, com abertura de mercado e novos players, que se não houver uma mudança muito grande no modelo de negócio, pode ter um problema de rentabilidade e viabilidade das operações”, explica.

De acordo com a pesquisa, a grande maioria considera vital reinventar seus negócios para o futuro em um mundo de disrupção e inovação. Há uma mobilização para enfrentar um cenário atual com instabilidade econômica global, inflação, rupturas nas cadeias de suprimento e conflitos geopolíticos.

Inflação, incerteza na cadeia de suprimentos e conflitos geopolíticos aparecem no conjunto de preocupações atuais dos líderes para a indústria de Energia e Serviços de Utilidade Pública (EU&R). Para o futuro, aparecem a necessidade de se antecipar aos riscos de longo prazo, a disrupção dos modelos de negócios e os riscos climáticos. De acordo com o sócio da PwC Adriano Correia, essas preocupações têm impactado na rentabilidade e no retorno ao acionista em projetos que estão sendo desenvolvidos. “Uma série de projetos de solar e eólica, se percebe claramente como a inflação tem pressionado o retorno dos investimentos, isso tem sido uma dificuldade grande”, comenta.

A expectativa dos líderes de energia no Brasil para a economia global nos próximos 12 meses não é boa, apenas 5% acreditam em melhora, enquanto 73% apostam em desaceleração. Dentre os CEOs do Brasil e do mundo, a estimativa de melhora sobe para 17% e 18% respectivamente, com 73% admitindo a desaceleração. Já boa parte dos CEOs de alguns países prevê que suas economias locais crescerão e também acredita no crescimento da receita de suas empresas – especialmente os brasileiros.

Quanto a geração de receitas de suas empresas em 12 meses, o cenário muda: 73% dos executivos locais estão muito confiantes; 8% aparecem como moderadamente confiante; 14% ligeiramente confiante e apenas 5% não está confiante. No âmbito global, o percentual de muito confiantes é bem menor, de 42%. Os moderadamente confiantes são 31%, ao passo que 16% estão ligeiramente confiantes e 10% não estão confiantes no aumento das receitas das empresas em um ano.

Como fator que pode afetar a lucratividade nos próximos dez anos, a transição energética aparece no topo, apontada por 73% dos CEOs de EU&R do Brasil. A regulação, ponto que sempre é motivo de atenção no Brasil, ficou em segundo lugar, com a preferência de 57% dos líderes. Já no curto prazo, no período de 12 meses, os conflitos geopolíticos ficaram na dianteira, com 46% e a inflação vem logo atrás, com 41%.

O risco cibernético como ameaça em 12 meses foi citado por apenas 24% dos CEOs de EU&R, ficando abaixo da instabilidade macroeconômica e das mudanças climáticas. Correia tinha a expectativa que essa ameaça ficasse melhor posicionada, uma vez que líderes empresariais tem revelado apreensão com o assunto, mas acredita que por assuntos como o ambiental, a inflação e conflitos políticos estarem mais em pauta, levaram ao resultado inesperado.

A pesquisa da consultoria também mostra que as start ups ainda têm um espaço muito grande para contribuir com a criação de fontes de geração de valor ou abordagem de questões socioambientais. Segundo os CEOS do setor, elas são requeridas por 30% para o primeiro caso e por apenas 16% no segundo. Segundo Adriano Correia, ser bastante regulado e ter uma baixa maturidade no uso de dados explica em parte a penetração. Ele acredita que nos próximos anos, por conta do aumento do uso de dados abertura de mercado, o número deve subir. “Vamos ter uma participação dessas start ups dentro do setor bem maior do que temos hoje. Esse é um tema que ainda está embrionário, no início”, avisa.