A Eletrobras planeja a partir de abril anunciar um novo plano de demissão voluntária e ofertar as regras para não mais que 20% do seu efetivo que está calculado em cerca de 9 mil empregados. Esse programa vem na onda do mais recente programa que contou com a adesão de 2.494 inscritos e custo estimado de R$ 1,2 bilhão. Com isso, a estimativa da empresa é de que os custos com pessoal acabem sendo verificados ao longo de todo o ano de 2023. Esse é um dos passos da elétrica para a sua transformação depois de deixar o comando estatal para o formato de corporation.

Apesar do programa, o CEO da empresa, Wilson Ferreira Jr, lembrou que é importante para a companhia realizar uma mescla entre os empregados com mais conhecimento e experiência, com novos que estão chegando na companhia para que haja maior diversidade. Atualmente a Eletrobras conta com um tempo médio de casa de 33 anos entre aqueles que aderiram ao PDV.

De acordo com a diretora de Finanças e de Relações com Investidores, Elvira Presta, a redução de despesas acontecerá de forma gradual. Além dos custos com esses programas, ela lembrou ainda que a companhia começa a mudar processos de compras e outras centralizações que trazem sinergias, e que isso vai se intensificar à medida que a companhia renegociar contratos, ações que, em suas palavras, não ocorrem do dia para a noite.

Nesse sentido, a empresa continua a aplicar seu processo de transformação. Nas duas próximas semanas está programada a divulgação de dois marcos importantes. Ferreira Jr afirmou que até o final deste mês serão divulgados o Plano Estratégico da empresa e o PDNG da Eletrobras. Um dos passos para a nova estrutura planejada já foi concluído, o da conversão das controladas sendo empresas integralmente da holding. Antigamente a empresa detinha 99,5% de cada uma o que gerava custos adicionais e mais burocracia para tomada de decisão.

Para o segundo semestre do ano, as ações envolvem acordos judiciais negociados buscando redução de provisões associadas ao empréstimo compulsório, a divulgação da estratégia de comercialização para o longo prazo – de olho na expansão do ACL inclusive para a baixa tensão que ainda está na fase de uma proposta -, e ainda, o plano de otimização de SPEs, cuja meta é a de terminar o ano com 31 organizações. Para isso, estão estimadas a venda de 27 das atuais sociedades, sete encerramentos, bem como compras e incorporações de outras sociedades em que participa.

A Eletrobras poderá apresentar nessas duas semanas que se seguem uma alteração em seu organograma que envolve uma estrutura organizacional integrada e renovada com 13 áreas principais. A companhia argumenta que dessa forma poderá ter como benefícios a especialização para acelerar transformação em áreas específica, a melhora na governança com agilidade decisória, continuidade operacional, aumento de eficiência, entre outras.

Entre pontos que a empresa trabalha para maior eficiência está a questão financeira da Santo Antônio Energia, usina no Rio Madeira que no ano passado completou 10 anos em operação comercial e que passou por reorganização societária sendo incorporada a Furnas depois do aporte da então estatal em 2022. Ferreira Jr comentou que o processo de eficientização da geradora passa por ação mais focadas na parte financeira e que são possíveis sinergias com Furnas por fazer parte da estrutura dessa sua subsidiária. Outra questão que pode ajudar a Eletrobras é a de créditos fiscais decorrentes dos prejuízos da usina localizada em Rondônia.

Aliás, por pelo menos dois anos a Eletrobras deverá focar no uso de créditos com as empresas que possui hoje. “Estamos com foco em manter as 4 companhias subsidiárias sem fusão entre elas. Há créditos fiscais em um volume tão grande que passaremos os próximos dois anos nesse processo, somente depois que poderemos olhar para outras alternativas societárias”, afirmou Ferreira Jr em teleconferência de resultados de 2022.

Por fim, ele ressaltou o foco de ser uma empresa de geração e de transmissão de energia, refutando uma possível volta da companhia ao segmento de distribuição. Contudo, disse que isso não significa não ser sensível ao caso da Amazonas-D, empresa que que fazia parte do grupo, mas que foi privatizada no final da década passada. Ele lembra que o MME e a Aneel vem liderando as discussões sobre o caso e que há desequilíbrio econômico financeiro daquela concessão. “Nós da Eletrobras temos que estar preparados para negociação e que envolva a conversão de dívida em capital minoritário”, disse ele. A dívida da Amazonas Energia com a Eletrobras é de R$ 7,7 bilhões sendo R$ 1,9 bilhão de créditos vencidos e ainda há R$ 7 bilhões em provisões feitas no balanço da elétrica.