Um dos grandes desafios atuais é encontrar soluções para viabilizar a descarbonização, tanto nas empresas e indústria, quanto por meio de políticas públicas. Segundo o presidente da Enel X Brasil, Francisco Scroffa, temos muitas tecnologias disponíveis, porém o grande desafio é encontrar soluções para tornar essas tecnologias viáveis.
Durante o Zero Summit 2023, o executivo afirmou que a pandemia mudou muito a vida das pessoas e hoje existem recursos para controlar a entrada e saída das cidades inteligentes. “A iluminação pública é o ponto de entrada nas cidades, mas o poste que ilumina, faz com que a cidade economize, e também coloca mais segurança. O poste de iluminação pode ser o ponto de capacitação e depois você consegue devolver o serviço para a cidade”, explicou. O executivo também citou o caso de Angra dos Reis, uma das primeiras cidades inteligentes do Brasil, onde há quatro meses a Enel X implementou tudo relacionado com conectividade, estacionamento inteligente e fibra ótica.
A questão do transporte público também foi trazida à tona como um assunto urgente a ser colocado em pauta, visando diminuir a poluição nos centros urbanos. Segundo o secretário executivo de desenvolvimento social do Estado de São Paulo, Filipe Sabará, o orçamento municipal passou de R$ 1 bilhão e o investimento em tecnologias para sanar essa dor já está previsto no planejamento. As soluções, por sua vez, também já estão no mercado, de acordo com o vice-presidente de marketing e vendas da ABB Brasil, Marcelo Vilela, que expôs um projeto de carregadores por indução para ônibus, com capacidade de uma carga de até 600 kW por parada, na qual o veículo aproveita as paradas já previstas para embarque e desembarque para uma carga de oportunidade, garantindo 100 km de autonomia em menos de 3 minutos.
Já com relação aos automóveis elétricos, foram apresentados projetos de nano locação, uma parceria entre Peugeot e Flou, uma solução que torna mais acessível este tipo de locomoção. “O carro elétrico não é mais um bem de consumo, mas sim, um componente da engrenagem que faz funcionar a mobilidade urbana, auxiliando na descarbonização das cidades”, disse o gerente de veículos elétricos da Peugeot, Lucas Lins.
O próprio carregamento dos automóveis, ainda uma dor por parte dos usuários, já possui alternativas para que a insegurança com relação a compra de veículos elétricos diminua. “Eletropostos dispostos de maneira estratégica, um software que garante que haverá uma tomada livre e em operação para o carregamento, bem como a elaboração do trajeto que o motorista deve percorrer até o próximo posto dentro da autonomia registrada no carro, são algumas das vantagens do projeto elaborado pela Pacto Mobility”, explicou o CEO da empresa, Francisco Lima.
Já o co-fundador do Zero Summit, piloto de Fórmula E e embaixador da ONU para o meio ambiente, Lucas Di Grassi, iniciou o painel de mobilidade, no qual foi mediador, levantando o questionamento sobre os usos do etanol na mobilidade e sua relevância no território brasileiro. O combustível limpo pode ser uma saída para que o Brasil atinja sua meta de redução de emissão de carbono em 50% até 2030 e neutralidade de carbono em 2050, em pacto firmado na COP26. “O Brasil pode ser a Arábia Saudita do século 21 quando o assunto é combustível limpo. Mas para isso, é preciso que os poderes público e privado tenham um olhar de mais longo prazo”, finalizou o cientista político Luiz Felipe D’Ávila.