O Brasil registrou um incremento de 4 GW na capacidade eólica no ano de 2022. Esse resultado representa seu segundo recorde consecutivo no ano de 2022. Esse volume coloca o país em terceiro lugar em volume de expansão, atrás somente da China e Estados Unidos. Os dados são do Global Wind Energy Council (GWEC) que divulgou nesta segunda-feira, 27 de março, o Global Wind Report 2023, que pode ser acessado neste link .
A publicação foi lançada pela primeira vez no Brasil no evento Encontro de Negócios da ABEEólica, o primeiro depois da pandemia. O relatório apresenta dados completos, detalhados e analíticos do setor eólico mundial onde mostra que o Brasil se manteve na 6ª posição no ranking de capacidade total instalada de energia eólica onshore. Para fins de comparação, em 2012, ocupávamos o 15º lugar.
Segundo a ABEEólica, tanto o recorde de capacidade instalada nova quanto a manutenção de sua posição no ranking demonstram a força e a resiliência do país, que soube aproveitar oportunidades de crescimento por meio de leilões privados e acordos bilaterais de compra de energia (PPAs), no mercado livre, apesar do fraco desempenho da economia brasileira nos últimos 10 anos.
O relatório destaca ainda que os recursos renováveis disponíveis no Brasil, especialmente a abundância de ventos de qualidade onshore e offshore, classificados como únicos no mundo, o que abre uma janela de oportunidade para o hidrogênio verde.
Futuro
A GWEC Market Intelligence espera que 26,5 GW de energia eólica onshore sejam adicionados na América Latina em 2023-2027, com o Brasil contribuindo com 60% desse volume. Se essa previsão se confirmar serão 16 GW no período, consolidando ainda mais sua liderança regional. Pela previsão, até 2024, o GWEC espera ultrapassar os 100 GW anuais de capacidade instalada. As condições do mercado mudarão uma vez que os países vão competir por investimentos extremamente necessários em seus setores eólicos: para conquistar o investidor, será preciso demonstrar seu potencial de mercado, oferecer condições atrativas de investimento e apresentar medidas regulatórias mais eficazes, afirmou em comunicado Ben Backwell, CEO do GWEC.
Élbia Gannoum, presidente-executiva da ABEEólica, ressaltou na abertura do evento realizado em São Paulo, que o potencial de transição energética justa do setor eólico é enorme e que a indústria precisa conversar e discutir com o governo sobre políticas industriais, ação que está em andamento. E agora a ABEEólica deverá atuar de forma mais transversal com diversos ministérios uma vez que a fonte tem potencial de ser alcançada por diversos segmento da economia por causa desse processo de transição energética.
“Precisamos buscar mais mercado e apesar dos números, conjunturalmente no curtíssimo prazo percebemos que o mercado não está bom, não estamos contratando e a palavra de ordem agora é: cadê o mercado? Onde está o mercado? Quem sabe precisamos criar repaginar esse mercado que não estamos enxergando. Esse mercado está associado à transição energética e soluções energéticas onde forneceremos a energia para a indústria que exportará commodity verde, no futuro, será exportado H2 Verde e devemos pensar em valor agregado em conceito agregado. Por isso que devemos pensar em política industrial energética”, afirmou a executiva lembrando dos pacotes de Europa, Estados Unidos e Chile, ressaltando que esse pacote nacional não depende de dinheiro público como em outros países, mas sim apenas um ambiente amigável para atrair o investimento por meio de aparatos regulatórios para eólica offshore, H2 Verde e até ajustes no onshore.