Um estudo realizado pela ABEEólica no ano passado mostrou que o Nordeste brasileiro teve um aumento de 21% do IDH com a chegada dos projetos eólicos e o PIB local teve um crescimento da ordem de 20%. “O número mostra o quanto os nossos projetos têm potencial de alavancar o crescimento e principalmente o desenvolvimento econômico e social do país. Para cada R$ 1 investido em energia eólica nós devolvemos R$ 2,09 para a economia e isso é um efeito multiplicador e traz resultado para o PIB também”, disse a presidente executiva da ABEEólica, Elbia Gannoum
Elbia também destacou durante o Encontro de Negócios ESG da ABEEólica, realizado na segunda-feira, 27 de março, que há a possibilidade de fazer a economia brasileira crescer com os investimentos em energia. “A nossa indústria energética tem agora um olhar muito mais amplo por conta da transição energética justa e por causa do ESG e os nossos projetos levam crescimento para as regiões”, ressaltou. Segundo ela, o setor produtivo do segmento de energia tem a potencialidade de também contribuir com alguns programas sociais que o governo tem retomado e isso é muito relevante para o desenvolvimento econômico do Brasil.
Já a CEO da AES Brasil, Clarissa Sadock, destacou a importância do impacto social na hora da construção dos parques solares. “Para os nossos negócios acho que não tem como falar de energia no Brasil e não citar no impacto social na hora da construção dos parques solares, principalmente em regiões onde o social exige ainda mais atenção. É um trabalho muito interessante e muito importante para as companhias”.
Entretanto, o coordenador sênior do Instituto Clima e Sociedade, Roberto Kishinami, afirmou que as fontes eólica e solar tem crescido muito no Brasil e tem um futuro muito promissor, mas necessário corrigir alguns aspectos nas implantações. “Não é segredo que em vários lugares do Nordeste há problemas criados na implantação de parques afetando ali comunidades e pessoas. Nós vemos com muita preocupação o fato de que alguns fundamentos legais no nosso país tem sido violados, mas podemos pensar agora com o novo governo em uma maneira de empresas na implantação dos seus parques proteger legalmente as comunidades tradicionais. Acho que essa é uma iniciativa que pode ser tomada em tempo real”, explicou.
A CEO da AES Brasil ainda citou que o hidrogênio verde pode ser um caminho muito positivo para o Brasil. “Nós temos uma capacidade de crescimento muito maior do que as necessidades do Brasil e o hidrogênio pode ser um caminho muito positivo para nós. Podemos utilizar toda a nossa capacidade ambiental e social para emplacar e sermos protagonistas nessa discussão mundialmente. No final do ano passado já anunciamos um projeto bastante inovador de mais US$ 4 bilhões e sem dúvida é uma linha de negócios que o grupo agora enxerga de uma forma relevante”, ressaltou.
A superintendente da área de energia do BNDES, Carla Primavera, afirmou que o Brasil tem uma oportunidade muito grande de se posicionar globalmente. “Se olharmos para os números que estão em discussão no mundo principalmente em relação à transição energética a gente vai observar que a demanda de hidrogênio vai ganhar destaque, como por exemplo, se a gente atender 5% da demanda estimada para até 2030 de hidrogênio verde a gente necessitaria de 70 GW de eólica e solar isso dá mais ou menos R$ 400 bilhões de investimento no setor e aí com isso conseguiríamos ainda mais desenvolver socialmente o nosso país que tem tantas carências”, explicou.
Ainda dentro do tema de compromisso empresarial com as melhores práticas sociais, a country manager da EDP Renováveis, Paula Dalbello, destacou que nos últimos anos vem trazendo o ESG para o DNA da companhia. “Todo mundo tem que saber o que estamos fazendo e já tem alguns anos estamos estudando as práticas que podemos implementar dentro da nossa empresa. Nós acabamos de fazer uma revisão do nosso business plan e toda essa questão do social e ambiental consta lá”, finalizou.