Buscando uma melhora contínua no processo de formação de preços mais adequado à realidade operativa, no sentido de identificar de forma efetiva quais recursos estão disponíveis ao sistema e a expectativa para a sinalização dos custos, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) está estudando formas de trabalhar melhor os dados agregados e subagregados nos modelos computacionais.
Durante o último painel do Agenda Setorial 2023, nessa quarta-feira, 29 de março, o diretor de Operação do ONS, Christiano Vieira, informou que as evoluções estão sendo testadas e validadas na Comissão Permanente para Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico (CPAMP), através do Newave híbrido, que traz a individualização das usinas nos modelos de médio prazo.
“Essa incorporação é tão importante quanto a representação da GD”, comentou o executivo, afirmando que a expectativa do Operador é que ainda nesse ano haja a separação entre carga líquida e bruta para avaliação adequada da contribuição da modalidade de geração, contanto ano que vem com a representação dessa expansão.
“É um trabalho em curso e em breve teremos condições de abrir consulta pública junto ao mercado”, complementa, citando certas restrições como as defluências mínimas na Bacia do Paraná como significativas para o sistema e que se não estão representadas acabam afetando a formatação dos preços no setor.
Prioridades no aperfeiçoamento da formação de preços foi tema no último painel do Agenda Setorial (Tulio Thomé)
Vieira salientou que um preço eficiente significa ter uma operação eficiente, com foco na garantia de suprimento e equilíbrio de segurança e custo, com a preocupação do ONS recaindo na transparência máxima possível das informações, que deve ser concebida por critérios de relevância, separando sinais com ruídos. “Informação demais e não relevante por vezes atrapalha. Não vamos ter como controlar telhado por telhado e kW por kW para tentar como se dará a dinâmica de impacto no sistema”, pontua.
A vice-presidente do Conselho de Administração da CCEE, Talita Porto, também participou do última debate do evento, ressaltando que o aprimoramento dos preços é um processo contínuo de melhoria para equacionar a distância entre a operação e preço. Ela enxerga dois principais focos na melhoria de representação das restrições operativas dos modelos, avaliando as simplificações que merecem detalhamento, com a outra questão sendo acompanhar se a aversão ao risco está adequada, o que já foi feito sete vezes nos últimos 10 anos.
“O consenso de aprimoramento são as funcionalidades principais das incertezas das fontes alternativas e complementares, e o detalhamento das usinas, como no caso da vazão compulsória, com a informação do modelo de médio prazo vindo melhor que no curto prazo”, comenta a conselheira, citando em paralelo a atenção com os dados de entrada dos modelos.
Questionada sobre como tornar as variações de preços menos abruptas, Talita lembrou que esse tema está sendo referendado para um estudo sobre o impacto da previsão de ENA de 50% em relação a carga, energia armazenada, abrindo a contratação de uma consultoria em abril para ajudar a Câmara de Comercialização nos estudos e averiguações.
“É um processo denso e a participação da inteligência de mercado é fundamental. Devemos assinar o contrato com o Banco Mundial para começar um trabalho de dois anos e meio de avaliação do preço por oferta e por custo de modelo, podendo em três ou quatro anos estar com um modelo ou outro”, ressalta a VP da CCEE. Outra informação passada é de que o CVU estrutural e conjuntural está na pauta do comitê do PMO/PLD, sendo criado um grupo específico há duas semanas e que irá convocar uma reunião para os agentes.
Na fala da diretora da Aneel, Agnes da Costa, a mensagem principal foi de que o trabalho desenvolvido no regulador ainda se concentra em melhorias de governança, transparência, reprodutibilidade com menor ruído possível e previsibilidade. “Na agência temos um olhar muito para as tarifas que está ainda mais longe dessa realidade, e uma agenda crescente sobre o preço de um mercado que cresce muito, sendo necessário o monitoramento e estar junto dessas evoluções para depois enxergar as dores dos agentes e ir as tratando na medida do possível”, conclui.