A Light gostaria de antecipar a renovação da concessão de distribuição que detém no Rio de Janeiro antes de maio de 2026. A empresa argumenta que a situação atual é de desequilíbrio estrutural e nesse processo de manter-se como a distribuidora da capital do estado passa por obter um tratamento diferenciado na questão do furto de energia e inadimplência de forma alternativo ao que estabelece o arcabouço regulatório.

O diretor presidente da empresa, Octavio Lopes, que está sete meses à frente da companhia, afirmou que a Light limitou os investimentos ao mínimo necessário para a continuidade e manutenção dos padrões de qualidade uma vez que não faz sentido investir pesado em final de concessão. Para esse ano a previsão é de que a concessionária aporte R$ 800 milhões em sua rede de distribuição.

Um dos temas que mereceriam ser tratados de forma diferenciada é a chamada ASRO, acrônimo para Áreas de Severas Restrições Operacionais, que são assim classificadas por apresentarem dificuldades para atuação da empresa e são parte expressiva da área de concessão da concessionária.

No início da teleconferência de resultados do ano de 2022 o executivo traçou um cenário de extrema dificuldade que a companhia vive. Afirmou que as ações de combate às perdas em locais onde há reincidência não são efetivas e não permitem a remuneração adequada do aporte. Além disso, citou que o consumo faturado ainda está abaixo do nível pré-covid.  Lembrou por reiteradas vezes que há desequilíbrio estrutural, tanto que está procurando credores para realinhar seu endividamento e readequar a estrutura de capital.

“Temos obrigações expressivas esse ano e estamos fazendo o que podemos e devemos para buscar entendimento com os credores para chegar ao equilíbrio do fluxo de caixa e chegar a uma reestruturação de capital que sustente no longo prazo”, disse ele.

Apesar disso, Lopes disse que a empresa não deverá devolver a concessão ao governo federal porque no contexto operacional está bem. O desequilíbrio estrutural é financeiro e não permite que a companhia remunere o capital de forma adequada. Contudo, defendeu que “a concessão funciona perfeitamente, somos adimplentes nas obrigações regulatórias e prestamos um bom serviço à população”.

Em um raro evento de afirmações no melhor estilo “sincerão”, o executivo disse ainda que “nosso entendimento é claro, de que as companhias que tenham desequilíbrio estrutural devem usar o processo de renovação para solucionar esse desequilíbrio estrutural”.

Lopes disse que a prioridade da companhia é de manter a normalidade da concessão. E que a Light, apesar do resultado negativo do ano, está longe de ser uma companhia de Ebitda negativo. Tanto que o capex de 2023 está em linha com o fluxo de caixa, fato que não acontecia há 2 anos. Por isso, entre outros pontos que o executivo defende que o contexto da Light é diferente de outros processos vistos no passado pelo Brasil.

Ele comentou ainda que no momento não faz sentido aplicar recursos na blindagem de rede nos últimos anos da concessão e que por isso vem diminuindo o investimento em regiões que são classificadas como de altíssima reincidência de furto de energia. O investimento, disse, não remunera a empresa até porque o número de unidades que voltam a apresentar desvios de energia é alto.