Para que o preço da energia se descole do piso e volte a patamares maiores e mais atrativos para a negociação, fatores como a entrada da oferta e a demanda nos próximos anos serão fundamentais. No último bloco do Workshop PSR/ CanalEnergia, o gerente de projetos Mateus Cavaliere apresentou a estimativa média de preços de energia convencional para o período 2025 a 2030, que deve ficar em R$ 90/ MWh. A oscilação máxima esperada pode chegar a R$ 96/ MWh e o mínimo a R$ 84 no Ambiente de Contratação Livre nesse período.

Para ele, é importante que se comece a incorporar nos modelos de formação de preços coisas que não há hoje, como a perspectiva de oferta. “Quando se soma isso com o crescimento da demanda, a perspectiva é de preço para baixo”, explica. Segundo ele, o crescimento da demanda que auxiliaria a elevar o preço poderia vir por meio de crescimento econômico, novas cargas e até mesmo uma frustração na oferta.

Neste mesmo bloco, o Diretor Técnico da PSR Rodrigo Gelli também enfatizou o esgotamento do modelo econômico regulatório, já que a geração tem um outro perfil e a inflexibilidade é maior. Apesar de ser benéfica para o consumidor, o preço baixo durante muito tempo não é bom para quem vende energia. O PLD baixo contagia o preço de contratos no curto prazo e traz efeitos na remuneração do gerador. Segundo ele, em 2022, mais de 50% dos contratos no ACL tinham dois anos de duração restante.

O preço da nova oferta de energia renovável estaria na faixa de R$ 200/ MWh e o de energia convencional, em R$ 90 / MWh, uma conta que não fecha. Como saída, foram criados modelos de negócios e soluções que driblaram os custos e pagamentos. A autoprodução renovável trouxe benefício econômicos associados por não ter incidência de encargos e obter desconto na tarifa de transmissão. Nesse caso, o preço poderia pairar na faixa de R$ 150/ MWh no Sudeste, o que viabilizaria projetos.

Mas essa alternativa não é perene, uma vez que o desconto tem prazo para acabar. Pelas contas da PSR, o impacto pode chegar a R$ 50 no preço da energia. Gelli frisa que existe a possibilidade de no futuro o sistema ter custo marginal zero. “É premente pensar nisso e tentar tratar de alguma forma. O mercado de energia tem que ser capaz de conseguir resolver seus problemas”, comenta.

Ele alertou ainda para as soluções que atendem apenas grupos específicos. Essas soluções sob o ponto de visto do sistema não são ideais, uma vez que elas acabam por não resolver os problemas como um todo.