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A Hitech Eletric vai inaugurar sua nova fábrica em Campo Largo (PR) para montagem de veículos elétricos utilitários, destinado ao transporte de mercadorias. Em entrevista à Agência CanalEnergia, o CEO da companhia, Rodrigo Contin, afirmou que a unidade já está operando desde o início de março com a produção de 50 VEs por mês, mas que ainda faltam as últimas implementações, até visualmente falando, confirmando a inauguração oficial para o fim do mês.

Segundo o executivo, a construção começou do zero em outubro do ano passado, sendo algo modelado desde 2020. Os primeiros lotes com cerca de 75 veículos já foram comercializados e a fabricante vem colhendo os pedidos para as próximas entregas, tendo a catarinense Weg como seu parceiro comercial, fornecendo packs de baterias para autonomias de 140 km e 280 km, além dos inversores.

“Importamos o kit do veículo em CKD, desmontado para ser industrializado no Brasil, onde
compramos todo conjunto de powertrain (motor, inversor e bateria), os componentes de suspensão como amortecedores, entre outros”, destaca o executivo.

O aporte para toda operação veio do programa Corporate Venture Capital (CVC) da Positivo Tecnologia, cujo valor não foi revelado, sendo direcionado para a construção de um espaço de 10 mil² e planos de expansão para dobrar a produção no curto prazo. “Foram definidas as linhas de produção, cabines, salas de preparação de chassi e de hardwares, elevadores, estufas, postos de reparo, alinhamento, geometria, e demais implementações necessárias a uma fábrica de elétricos”, relembra Contin.

Expansão da fábrica prevê 100 veículos por mês e o lançamento de um caminhão de maior porte (Hitech-E) 

A companhia começou suas operações em 2017, iniciando como importadora (mais de 200 unidades vendidas) para depois gradualmente vencer algumas barreiras e migrar para montagem de veículos com produção 100% nacional. Se antes outros modais como duas rodas e carros para pessoas físicas foram testados pela empresa, atualmente o foco recai em integrar o transporte de mercadorias para corporações ou operadores.

“Com a pandemia houve uma crescente no mercado de entregas, com todos os agentes que operam nessa cadeia enxergando oportunidades”, salienta o CEO, classificando a autonomia dos veículos e um payback agressivo na medida em que são utilizados como os principais fatores procurados pelos clientes. Hoje ter um VE já faz sentido, pelo menos economicamente falando, para quem roda mais de 150 km, como foi destrinchado pela Agência CanalEnergia na última Reportagem Especial sobre o tema.

Rodrigo Contin também destaca não existir ainda no mercado brasileiro outra empresa homologada nesse nicho de veículos compactos, mas citando que também existe certa concorrência com outros segmentos e ainda com as montadoras dos carros a combustão, já que tudo passa pela decisão dos novos clientes. “Tem as grandes JAC Motors e a BYD que também acabam sendo concorrentes, ainda que tenham produtos de porte maior”, comenta, ressaltando que a Hitech-E só fabrica unidades 100% eletrificadas.

Veículos

Entre os destaques da montadora dois veículos dividem a liderança nas vendas, o Eco Delivery, um utilitário com baú, e o Eco Cargo, um caminhão compacto com baú com uma versão também disponibilizando uma caçamba. O mais barato é o Delivery, R$ 109 mil, que também tem a versão para uso interno de empresas, mais simplificado e com velocidade e autonomia reduzida. O mais caro é o Cargo, saindo por R$ 180 mil com duas baterias. “Pretendemos num segundo momento trazer um novo modelo um pouco acima desses, um caminhão compacto mas com porte maior”, complementa Rodrigo.

Companhia vendeu mais de 75 veículos 100% elétricos em 40 dias e tem a Weg como seu parceiro comercial (Hitech-E)

Questionado sobre o avanço e desenvolvimento da mobilidade elétrica no Brasil com outros concorrentes como no caso do etanol, o CEO pontua ser um tema com muitos pontos e de certa complexidade, com o etanol tendo potencial mas uma aplicação diferente de um carro a base de baterias, num transporte destinado mais a longas distâncias, até por uma carreta ser 100% elétrica ser algo inviável no médio prazo.

“Tem dois lados da moeda, uma aposta no etanol também atrasa o Brasil na indústria da eletromobilidade e talvez não consiga depois recuperar, além do que um veículo híbrido é muito mais complexo do que um puramente elétrico”, pondera, ressaltando que os VEs se dão bem em distâncias de até 400 km.

Ele ainda indaga até que ponto seria bom ter um combustível limpo ao mesmo tempo que essa aposta coloca em defasagem a indústria automobilística brasileira em relação a eletrificação dos transportes pelo mundo, citando que não será uma estratégia adotada por outros países, não na mesma escala que o 100% elétrico. “Tem que ver também se o preço do desenvolvimento tecnológico compensa para o país”, acrescenta.

Ademais, Rodrigo Conti disse ser importante que o desenvolvimento da mobilidade elétrica no Brasil conte com um incremento de subsídios com data de validade assim como outros países, algo pontual para trazer competitividade e escala, o que fará os preços baixarem. “Existe a isenção do IPI mas nem se compara ao que aconteceu nos Estados Unidos ou na China, que vem retirando também esses benefícios da indústria”, finaliza.