Com queda nas receitas financeiras envolvendo o segmento de energia solar, sobretudo na parte de geração distribuída, tanto em relação ao primeiro trimestre do ano passado e maior ainda frente ao quarto trimestre de 2022, a Weg enxerga a dinâmica para a modalidade sendo impactada não só pela mudança da janela regulatória, mas também por outras questões como aumento da taxa de juros que vem restringindo o acesso ao crédito para os negócios.
“As mini-usinas de até 5 MW são projetos que tendem a desaparecer, migrando para geração centralizada já que não existem mais os benefícios”, comentou o diretor de Finanças e Relações com Investidores, André Salgueiro, durante teleconferência realizada na manhã desta quinta-feira, 27 de abril.
Ele disse esperar uma acomodação da atividade nesse ano, mas acredita que no médio e longo prazo o desenvolvimento seguirá entre os painéis instalados em telhados e o restante indo para GC, que apresenta níveis muito melhores nesse ano em relação a 2022, atuando para a companhia como um compensação para o segmento no segundo semestre de 2023.
“A eólica também teve uma pequena acomodação por conta da entrega de projetos, mas a geração térmica e hídrica vem apresentando crescimento no quadro da companhia, assim como o segmento de T&D”, complementa o executivo, citando uma carteira robusta de ciclo longo que se reflete também nos aportes para aumento da capacidade produtiva de transformadores.
GD deve ficar mais restrita no futuro aos pequenos projetos como painéis solares instalados em telhados (Weg)
Quanto ao segmento eólico na Índia, o diretor Administrativo Financeiro, André Rodrigues, ressaltou que a multinacional catarinense está iniciando os investimentos para ampliar o espaço da fábrica de média e alta tensão visando o início da produção dos aerogeradores no futuro. Não são esperadas receitas para esse ano, com as primeiras entregas acontecendo ao longo de 2024.
“Estamos passando agora pelo processo de certificação da máquina, o que levará ainda alguns meses, além de termos de desenvolver fornecedores de base para montagem das torres”, explica o dirigente.
Já ao comentar sobre a cadeia de fornecimento global de matérias-primas, Rodrigues vê uma acomodação dos custos alinhada a normalização do frete internacional e alteração no mix de produtos, com a recomposição de preço e ocupação mais eficiente das fábricas melhorando a margem dos equipamentos industriais de ciclo longo, que teve maior expansão em relação a GTD na fabricante.
Em relação aos preços o executivo também mencionou que esse movimento pode acarretar numa redução futura mas também eventuais reajustes sendo feitos pelas empresas conforme as condições de mercado, citando outros custos como de Pessoal, que acabam gerando aumento e trazendo a inflação dos últimos anos. “Vamos avaliar reajustes e temos sempre maior cautela no começo do ano, mas é possível entregar margens similares ou melhores do que foi praticado nos últimos anos”, analisa Rodrigues.
Fabricante aguarda certificação e fornecedores locais para iniciar produção de aerogeradores na Índia (Weg)
Crescimento e baterias
Sobre as avenidas de crescimento para a Weg nos próximos anos, o diretor destacou que a primeira frente é de internacionalização dos produtos do portfólio, ganhando market share global através da estratégia de motion drive, empreendendo o reconhecimento de marca para alavancar as vendas no médio e longo prazo em segmentos menos consolidados, como na automação e venda de redutores, que respondem por 1% de participação no mercado mundial. “Estamos evoluindo e até aceleremos esse processo na pandemia para ganhar espaço nesses outros segmentos, num processos gradual”, afirma André Rodrigues.
Por sua vez, André Salgueiro comentou sobre a outra oportunidade vislumbrada para a companhia, que são os novos negócios, trabalhando mais concretamente na parte de mobilidade elétrica com a entrada mais recente nos packs de baterias, além da parte de digitalização e armazenamento de energia. A nova fábrica está prevista para o primeiro semestre de 2024 em Jaraguá (SC) e irá aumentar a produção dos packs com investimentos de R$ 100 milhões.
“Foco principal é o mercado de ônibus elétricos nos próximos anos mas também para desenvolver as baterias que irão para os projetos de armazenamento de energia no futuro”, finaliza o executivo.