O primeiro coletor nacional para energia termossolar do tipo calha cilindro-parabólica saiu do papel. Desenvolvido por Furnas em parceria com a Eudora Energia, o protótipo foi finalizado pelas equipes de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) das empresas em Aparecida de Goiânia (GO), garantindo que 75% da irradiação solar coletada seja transformada em calor.

O equipamento possui uma estrutura com perfil parabólico, formada por um conjunto de espelhos onde os raios solares são refletidos. Com a retenção e transferência do calor, num processo de irradiação direta (DNI), produz-se o aquecimento de uma tubulação de óleo que chega a 390o°C, meta estabelecida para o projeto da subsidiária da Eletrobras.

Próxima etapa do projeto prevê aplicação em uma planta piloto na hidrelétrica de Itumbiara (Furnas)

De acordo com o engenheiro civil e coordenador do projeto, Moacir Alexandre Souza de Andrade, a expectativa é que outros estudos possam ser direcionados para o P&D Cabeça de Série a partir do sucesso dessa etapa. “Com o calor será possível movimentar numa próxima fase um tubo gerador a vapor para produzir eletricidade, com aplicação em usinas de geração de energia”, pontua, referindo-se a construção de uma planta piloto de 250 kW na hidrelétrica de Itumbiara (MG/GO), integrada à planta fotovoltaica já instalada para a geração de hidrogênio verde, fruto de outro projeto de P&D da companhia.

Os resultados foram apresentados durante o workshop Encerramento de Projeto de P&D Termossolar, realizado no final de abril no auditório do Departamento de Segurança de Barragens e Tecnologia de Furnas, em Aparecida de Goiânia (GO). Desenvolvido com ligas de aço e tecnologias nacionais, o produto propicia eficiência energética e deve contribuir para a economia de recursos financeiros e preservação ambiental.

O workshop abordou as diversas fases do projeto, desde a sua instalação, em julho de 2020, até a apresentação geral do empreendimento piloto. Para o superintendente de Engenharia de Geração da empresa, Victor Hugo Ricco, a importância do projeto se dá sobretudo, pela nacionalização da estrutura que suporta os espelhos, o tracker que gira o equipamento e o software de acompanhamento do sol. Segundo ele o uso de materiais nacionais reduz o custo de investimento na nova tecnologia e permite que seja analisada a construção de grandes usinas.