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Faltando menos de um ano para a abertura de mercado na alta tensão, a Engie Brasil Energia quer se estar pronta para esse momento. Em entrevista à Agência CanalEnergia, o CEO da companhia, Eduardo Satamini, lembra que desde 2017, quando esse movimento tomou forma, a preparação vem sendo feita, com novas estratégias de vendas, canais de interação com o cliente e a digitalização da negociação.

Com o aproximar da data, 2023 está sendo o ano do marketing em massa. Foram fechados patrocínios esportivos para maior aproximação com o futuro cliente em potencial, que estaria habilitado ao ACL. Desde janeiro deste ano, a Engie patrocina a Confederação Brasileira de Tênis. “Nossa estratégia está toda montada, estamos preparados”, avisa. A Engie já fechou contratos com clientes que passarão a ser livres a partir do ano que vem. O executivo conta que ainda pode levar um certo tempo para que o consumidor já esteja educado para o ACL, mas é um prazo natural.

Na transmissão, Satamini vê 2023 com um grande ano, estudando o próximo leilão, que será em junho. Mas ele conta que o setor tem buscado sensibilizar o governo para que se reduza o volume de negócios de maneira que não haja um superaquecimento no mercado de fornecedores seguido de um arrefecimento. “É melhor ter um mercado mais distribuído e uniforme do que ter picos de demanda que acaba pressionando por recursos em determinado momento e depois cai abaixo da capacidade de atendimento”, aponta. O ministro Alexandre Silveira anunciou hoje dois leilões de LTs com investimentos de R$ 36 bilhões, deixando para o ano que vem um certame que estava previsto para esse ano.

Para Satamini, o novo mercado de gás evolui com um ritmo mais rápido do que o esperado, puxado pela vontade dos players do setor em criar esse novo ambiente. A Engie controla a transportadora TAG, que tem mais de 20 clientes ativos. Ainda existe a necessidade de aprimoramentos regulatórios, mas ele acredita que o aumento na dinâmica do mercado virá pela conexão dos consumidores a gasodutos de transporte para que o mercado secundário aconteça d de fato. “O mercado vai se sofisticando e é assim que ele se cria”, avalia.

A fonte hídrica, a mais tradicional do país, tem visto cada vez mais longe os novos projetos. Ainda resta um potencial para UHEs médias, mas há uma dificuldade entre viabilizar novos projetos e a conciliação com os entraves ambientais. Com a volta ao poder do mesmo grupo político que levou a leilão muitas UHEs, como Jirau, Santo Antônio, Belo Monte e Teles Pires, as hidrelétricas podem ter alguma chance. A Engie é um dos maiores players hídricos do país, Na teleconferência desta sexta-feira, 5 de maio, a companhia revelou que pretende ampliar a potência das usinas de Salto Santiago e Miranda, para incluir o volume no leilão de capacidade. “Vamos olhar com bons olhos uma retomada dos projetos hidrelétricos desde que tenham a sustentabilidade no seu componente principal”, explica.

O retrato da fonte eólica hoje, que passa por um desarranjo, com fabricantes locais em hibernação e altas preços para viabilização de projetos, é motivo de atenção para o executivo. Essa perspectiva  pode trazer problemas para o mercado nacional. Satamini sugere que ações devam ser discutidas para que a cadeia nacional não se dissipe, como o incentivo à exportação de equipamentos enquanto o cenário se reequilibra.