A Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Associação Brasileira do Biogás (Abiogás) e Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK Rio) assinaram um acordo de cooperação denominado Pacto Brasileiro pelo Hidrogênio Renovável. A ideia é acelerar o desenvolvimento do mercado brasileiro de H2 verde, tanto para exportação quanto para consumo doméstico.

São seis objetivos centrais: contribuir para a definição de um arcabouço regulatório; desenvolver o mercado de aplicação de H2V; promover o desenvolvimento socioeconômico, por meio da economia do hidrogênio renovável; disseminar as oportunidades desse novo mercado aos seus associados e à sociedade brasileira; e por fim aumentar a competitividade da produção e uso do insumo que é tido como combustível do futuro.

As ações conjuntas incluirão atividades e projetos técnicos e institucionais, visando a cooperação e participação das partes em grupos de trabalho, comissões técnicas, eventos, reuniões, debates, seminários, palestras, road shows, estudos, publicações e todo o necessário para desenvolver a cadeia de valor do vetor energético no país, bem como estimular investimentos e negócios e sua divulgação por aqui e no exterior.

Segundo estudo da consultoria Mckinsey, o país poderá instalar uma nova matriz elétrica inteira até 2040, destinada à produção do H2V, trazendo cerca de R$ 1 trilhão em novos investimentos no período. Os aportes seriam destinados à geração de eletricidade, novas linhas de transmissão e mais unidades fabris do combustível limpo e de estruturas associadas, incluindo terminais portuários, dutos e armazenagem.

Em nota, a  Absolar ressalta que esse acordo é oportuno para criar um ponto focal de apoio ao setor público na criação de políticas ambiciosas, urgentes e assertivas em prol do H2V, acelerando a reindustrialização verde. Lembra ainda que analistas de mercado projetam que o Brasil poderá produzir o hidrogênio renovável mais competitivo do mundo em poucos anos se desenvolver políticas públicas, programas e incentivos adequados.

Lideranças da ABEEólica, Absolar, Abiogás e AHK Rio assinaram acordo no dia 5 de maio (Divulgação)

A ABEEólica destacou a eólica offshore como possibilidade de atender a energia necessária para produção do combustível, com projetos grandes escalas e mais de 700 GW conforme apresentado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Nesse mesmo comunicado a associação aponta que o hidrogênio já é realidade no Brasil citando a planta piloto da EDP no Complexo do Pecém e a Unigel será o primeiro projeto em escala industrial no país.

Para a AHK Rio, o hidrogênio renovável tem um potencial enorme na reindustrialização do Brasil, o que pode fortalecer as relações bilaterais com a Alemanha, tido como um dos principais compradores do H2V brasileiro no futuro. A entidade destacou, por sua vez, que o desafio de transportar o hidrogênio renovável por longas distâncias favorece o desenvolvimento de indústrias próximas ao local onde ele é produzido, com efeitos positivos importantes na economia de vários países. Por isso, as indústrias tendem a se instalar onde as condições climáticas e geográficas forem favoráveis à produção e o custo de transporte for baixo.

Na visão da ABiogás, uma rota interessante para a produção do H2V é a reforma a vapor, já consolidada hoje com o uso do gás natural fóssil. Mais de 90% do hidrogênio do mundo atualmente vem do GN, o que facilita o uso do biometano para descarbonizar a produção, já que é 100% renovável e poderia ainda utilizar a infraestrutura já existente para os mesmos processos, de forma competitiva.