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A busca pela transição energética no caminho do chamado net zero, ou zero líquido, quando se fala em emissões de gases de efeito estufa passa pela transmissão de energia. O Brasil é um extrato do que se passa no mundo onde os maiores recursos renováveis intermitentes como eólicas e solar – que se destacam nessa corrida – estão em muitas vezes afastados do centro de carga. A questão é como planejar a expansão deste segmento sem fazer com que o custo seja muito elevado ao consumidor.

O tema foi abordado pela PSR em sua edição de abril da publicação mensal Energy Report. A consultoria avalia que diante do desafio de volume e extensão dos investimentos em transmissão, os formuladores de políticas, planejadores e órgãos de regulação precisam aperfeiçoar o ambiente de planejamento, regulamentação e financiamento para garantir que esse segmento do setor elétrico seja uma barreira superada no processo de mitigar a crise climática.

O tamanho desse desafio tem uma baliza que a PSR cita: a estimativa da Energy Transitions Commission de que US$ 1,1 trilhão deve ser investido em redes anualmente até 2050, se o mundo quiser alcançar o seu objetivo net zero. Por aqui o exemplo é a perspectiva de investimentos por meio de leilões no ano que somam R$ 50 bilhões caso os três certames que são planejados realmente sejam realizados.

Na avaliação da consultoria há três pontos classificados como importantes que precisam ser observados para preparar os sistemas de transmissão para a transição. São temas em discussão tanto no Brasil como no mundo.

O primeiro ponto relacionado pela PSR refere-se à entrada de recursos flexíveis no sistema de transmissão. Esses são apontados como essenciais para que seja possível levar a produção de energia de geração das renováveis de forma segura e confiável para centros de consumo.

Outra questão central é a alocação adequada de custos dos investimentos de transmissão. “Essa alocação é essencial para expansão eficiente e confiável da geração e da transmissão. Para tal, é importante que nenhum outro atributo, além do locacional, seja incorporado na tarifa da transmissão, para não prejudicar a sinalização da expansão na direção mais eficiente”, afirma a PSR na publicação.

E o terceiro pilar é a questão da fila de acesso à transmissão, esse fator não é, segundo a PSR, um fenômeno que vemos apenas no Brasil com a chamada ‘corrida do ouro’ que refere-se ao cadastro dos projetos para garantir o desconto-fio para as fontes renováveis, é um fato registrado em diversos países e classificado como crítico e urgente.

A solução tem que ser feita de forma célere e justa, aponta a PSR. “Os geradores que reservam a margem de capacidade sem compromisso de implementar os seus projetos prejudicam os países no cumprimento dos seus compromissos net zero, pois impedem a conexão de um recurso limpo que teria viabilidade de ser implementado, além de aumentar os custos da transmissão a serem pagos pelos usuários existentes”, analisa.

A consultoria relaciona alguns casos de tentativas de gerenciar essa fila de empreendedores como no Reino Unido e a proposta no Brasil que está em consulta pública que passa pela assinatura do contrato de transmissão antes da emissão da outorga dos geradores, mas com a manutenção da regra atual de respeito da ordem cronológica dos pedidos. Contudo, mediante a apresentação de garantia durante o processo pela reserva de capacidade da rede.

Para a PSR, a proposta ao mesmo tempo que estabelece marcos a serem cumpridos, será essencial para que a fila possa ser eficiente e justa. Outra medida, com o chamado Dia do Perdão, para aqueles que estão com contrato de uso do sistema assinado, mas não conseguem tocar seus projetos abriria mais espaço para aqueles que possuem a capacidade mas não detém o acesso por falta de margem.