A concessão do estado de Recuperação Judicial pedido pela Light deverá proteger a empresa enquanto negocia seus débitos junto aos credores. A expectativa da empresa é de solucionar a questão antes mesmo da renovação do contrato de concessão da distribuidora, que é o foco das dificuldades financeiras do grupo e cuja meta é de antecipar o novo contrato de 30 anos, uma medida para a diretoria executiva, faz sentido.
De acordo com o CEO da companhia, Octávio Lopes, essa não seria a primeira vez que o Poder Concedente anteciparia a renovação de um contrato de concessão de distribuição. E lembra que as empresas que passaram por essa experiência estava em situação pior do que a Light por estarem com as contas intrassetoriais atrasadas, o que não é o caso da distribuidora fluminense.
“Ainda não temos compromisso junto ao MME sobre a antecipação mas acreditamos que faz sentido a medida”, reforçou o executivo.
Ele admitiu que o caminho da mediação seria o menos custoso para a Light, mas afirmou que pela ação de credores, o pedido de RJ foi o caminho viável. Ele afirmou em teleconferência com analistas e investidores para tratar do resultado do primeiro trimestre, que o processo não trará ônus para o governo ou consumidores e que a meta do Grupo é renovar antecipadamente a concessão da Light.
“A solução para o balanço da companhia está dentro da RJ e que deve ocorrer esse ano ainda, já a concessão com a renovação seria a solução para o ano vem, imaginando que conseguiríamos antecipar a renovação”, afirmou ele.
De qualquer modo, comentou o CEO, a Light pretende apresentar seu pedido de renovação do contrato dentro do prazo legal atual que é de 18 meses antes do vencimento, ou seja, se não houve nenhuma antecipação, seria em novembro de 2025. O contrato vence em 4 de junho de 2026. Mas ele disse que o melhor para todos seria antecipar.
Lopes descartou qualquer negociação ou intenção de vender ativos de geração de energia da empresa como parte do processo de recuperação.
Outra questão sob a mesa em paralelo e em tratativas com a Aneel é a RTE por conta do impacto das perdas não técnicas na baixa tensão por conta do aumento do furto de energia. Segundo o balanço da empresa do primeiro trimestre, o impacto sobre o resultado Ebitda é de R$ 580 milhões na base anualizada, está 21 p.p. acima do que é repassado para a tarifa da distribuidora.
Esse pleito vem do fato de que as perdas estarem em locais considerados como sensíveis para a recuperação dessas perdas, onde há problemas de segurança, chamadas de Áreas com Severa Restrição de Operação (ASRO).
“Queremos que no próximo ciclo de 30 anos a Aneel considere as peculiaridades da área de concessão da Light”, comentou Lopes.