Com o ano de 2023 sendo considerado chave para o prosseguimento da usina de Angra 3 (RJ – 1.405 MW), a Eletronuclear se prepara para os próximos passos do empreendimento. Na última segunda-feira, 22 de maio, o presidente da estatal, Eduardo Grivot de Grand Court, defendeu na Associação Comercial do Rio de Janeiro a importância da nova planta para o estado e para o país. A térmica é considerada como uma das poucas grandes obras com capacidade de geração de emprego no país, criando mais de 5 mil vagas. “É uma preocupação não só para o estado, mas para o Brasil. Essa capacidade de gerar emprego não pode ser perdida”, explica.

Esse ano, a expectativa é pela definição do preço da tarifa da energia da usina, o que vai permitir o prosseguimento do financiamento junto ao BNDES e o edital para contratação do epecista. Grand Court aposta em mediação para a retirada do embargo e a volta das atividades do canteiro, que estava na chamada linha critica. “A retomada da obra de Angra é que vai propiciar que o programa nuclear seja efetivado”, observa. O investimento na usina gira em torno de R$ 20 bilhões.

A obra está embargada desde 19 de maio pela prefeitura de Angra dos Reis por supostas alterações no projeto original. A prefeitura também cobra a estatal o pagamento de R$ 264 milhões em contrapartidas. De acordo com a empresa, há o empenho para reverter o embargo em prol de um diálogo construtivo. Segundo Grand Court, nenhum dos argumentos falados pela prefeitura foi apresentado. Segundo ele, o projeto não poderia ter sido alterado, um vez que caso isso tivesse acontecido, a Comissão Nacional de Energia Nuclear teria se manifestado, o que não aconteceu.

Sobre a dívida de R$ 264 milhões, o executivo disse não ser possível fazer a transferência, uma vez que o valor total será pago ao longo da obra e não apenas de uma vez. A verba é pública e só será transferida com a apresentação de projeto e a devida prestação de contas. O objetivo é um acordo para que a linha crítica da obra avance. E uma reunião entre as partes é aguardada. “Enquanto houver embargo, não há discussão. Impede o andamento da obra e impede qualquer avanço que a gente tenha interesse de promover dentro das questões socioambietais”, avisa.

O presidente da Eletronuclear lembrou durante o evento da ACRJ que o Rio de Janeiro tem uma forte ligação com a fonte nucelar, não só por sediar o complexo de usinas, mas também por reunir as demais empresas que fazem parte da cadeia nuclear, como as Indústrias Nucleares do Brasil, em Itaguaí, e a Nuclep, em Itaboraí. Essa cadeia também movimentaria cerca de R$ 500 milhões por ano no estado. “A indústria nuclear é 100% Rio de Janeiro”, aponta.

Grand Court também salientou que caso a usina estivesse em operação durante as crises hídricas, o custo com energia térmica seria bem menor. Ele considera que a fonte é de baixo carbono, com 90% de garantia firme, superior ao de outras fontes.