A Raízen Power, subsidiária da Raizen para energia elétrica lançada no início deste mês, já contabiliza interesse de cerca de 1.200 consumidores de baixa tensão para seu aplicativo que comercializa energia elétrica. Foram fechados 400 contratos e ainda há cerca de 800 que estão esperando. Esse movimento ocorreu em apenas uma semana e essa performance traz otimismo à empresa que já possui um portfolio de projetos com pedidos de outorgas em Geração Distribuída que somam 1 GW enquadrados na regras da lei 14.300, que mantém os benefícios até 2045.
Esse caminho reforça a visão da companhia de que a expansão está nos médios e pequenos consumidores em termos gerais, com a abertura do mercado livre de energia para alta tensão e o avanço da geração distribuída enquanto a abertura do mercado de baixa tensão não acontece.
De acordo com o vice presidente da unidade, Frederico Saliba, a meta da companhia é de chegar a 6 milhões de clientes atendidos no total, considerando os grandes consumidores, mas também os médios e pequenos, que são atendidos na baixa tensão e que são o foco de crescimento da carteira de clientes da companhia. Atualmente a Raízen Power tem em sua carteira 24 mil consumidores, ainda assim uma expansão de mais de 40 vezes se comparado ao volume reportado no período de 2019/2020.
O otimismo do executivo com os números apresentados no Raízen Day 2023, tem como base uma pesquisa que indica que 80% dos consumidores de energia gostariam de escolher seu fornecedor. E o mercado nacional é enorme com 89 milhões de consumidores ante um mercado livre que ainda está restrito a pouco mais de 30 mil unidades no ACL.
“Para chegar a essa meta de clientes deve-se observar o avanço da regulação, enquanto o mercado livre da baixa tensão não é aberto temos essa oportunidade com a geração distribuída que é de chegar ao consumidor pessoa física que nossa plataforma já permite. Queremos chegar a 10% de participação de mercado”, comentou Saliba em coletiva após a realização do evento, em São Paulo.
Atualmente a disponibilidade da energia por assinatura para o B2C – sigla de business to consumer – está restrito à área de concessão da CPFL Paulista e Cemig. Mas os planos com esse volume de projetos colocam a empresa na rota de crescimento. Até o momento o portfólio da empresa é de algo próximo a 350 MW entre usinas em operação e em construção.
“Nossa ideia é de estar em todas as distribuidoras de energia no país, uma ou outra tem uma certa dificuldade, mas a oferta que pretendemos trazer é para todos os grande clientes de varejo, principalmente. Todos os projetos estão dentro da janela regulatória do benefício e para nós a GD é um canal para o cliente do ACR que não tem a opção de acessar qualquer fornecedor de energia”, acrescentou Rafael Rebello, diretor de Vendas e Marketing em Energias Renováveis da empresa.
Com isso, a previsão da empresa é de que no futuro a empresa possa alcançar como metas, além dos 6 milhões de consumidores, 25% de market share em eletromobilidade com a ampliação da rede de carregadores para veículos elétricos por meio do produto Shell Recharge, e resultado operacional medido pelo Ebitda de R$ 3 bilhões, o valor no exercício de 2022 a 2023 é de R$ 1 bilhão.
Para avançar nesse sentido a empresa deverá buscar se beneficiar da sua rede atual de produtos das demais áreas com atuação em varejo como a rede de postos e até mesmo o aplicativo para celulares Shell Box para chegar a um grande número de pessoas. Para chegar aos grandes consumidores a base de clientes que já são atendidos na mesa de operações e as parcerias com grandes empresas, ele citou a cervejeira Heineken, a concessionária GRU Airport e a montadora Volkswagen, como exemplos dessa atividade.
A empresa anunciou ontem que fechou um acordo na Reverde em parceria com o Grupo Gera. A startup que foi investida pela companhia atua em Minas Gerais e no Rio de Janeiro em geração distribuída na modalidade compartilhada e foco em oferecer serviço de assinatura em energia limpa para o consumidor residencial sem a necessidade de investimentos por parte do cliente.
Marca lançada
No início de maio, sem muito alarde, a Raízen lançou a marca dedicada à energia elétrica no Brasil. A ideia é a de oferecer o conceito de one stop shop onde os clientes encontram soluções de energia renovável e serviços em todo o país e com diversidade de canais, principalmente com o digital ao passo que o mercado se torna mais pulverizado.
As fontes que estão no portfólio da empresa são, claro, além da Biomassa, a Solar, Biogás e até mesmo PCHs. Só em geração distribuída, a companhia possui 31 plantas em operação no País, e 35 plantas em construção.
De acordo com a empresa, a comercializadora já está entre as cinco maiores do país com uma média de negociação acima de 2,2 GW médios.
A empresa reforçou que o lançamento da marca Raízen Power se dá em meio a projeções positivas para abertura de mercado e a expectativa de avanço em projetos de lei no setor. Lembra que em 2022, o Ministério de Minas e Energia publicou a Portaria 50, que permite a migração de todos os consumidores de alta tensão para o ACL a partir de janeiro de 2024.
Além disso, reforça que há ainda a proposta para a abertura do mercado aos consumidores de baixa tensão, em tramitação no Congresso que, se aprovada, disponibilizará mais de 89 milhões de contas.