Atuando tanto para ajudar na intermitência das renováveis quanto para eletrificação dos transportes, a viabilidade dos sistemas de armazenamento começará a mudar a partir do próximo ano, quando preço das baterias devem atingir um preço de US$ 92 o kWh. A previsão foi apresentada pelo diretor executivo de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim, durante um evento sobre transição energética na PUC-Rio nessa quarta-feira, 31 de maio.
Para o especialista, alguns setores como aço, cimento, logística de cargas pesadas, navios e aviação possuem mais dificuldades para redução da pegada de carbono de suas atividades, representando 30% das emissões industriais no país e que terão como solução o hidrogênio verde no futuro.
“O hidrogênio não é a panaceia que irá resolver todos os problemas, mas será o último elo que permitirá a descarbonização da economia”, afirma o executivo.
Além das baterias, Tolmasquim ressalta a busca pela redução do CO2 na atmosfera através da eletrificação, inserção das renováveis e remoção de carbono. Ele lembra que o chamado NetZero prevê maior inserção da mobilidade elétrica do que o Acordo de Paris, que foca mais nos biocombustíveis, e que se em 2028 os elétricos devem estar mais baratos do que os de motores a combustão, políticas públicas recentes lançadas pelos Estados Unidos devem trazer essa equiparação de preços para esse ano e impactar todo mercado global automotivo.
Tolmasquin falou sobre inserção das renováveis, eletrificação das economias, baterias e remoção de CO2 (PUC-Rio)
“É uma medida disruptiva que irá afetar o planeta como um todo”, aponta, lembrando que atualmente 13% das vendas de veículos no mundo são de eletrificados. Já no Brasil a baixa representatividade, cerca de 0,3% do montante da comercialização mundial, é justificado pela entrada do etanol no país como alternativa.
Mercado de Carbono
Sobre o mercado de carbono, o diretor da Petrobras salienta a existência de 30 projetos no mundo em captura ou armazenamento do CO2, sendo um deles no Brasil, na área do pré-sal, onde a empresa colocou 40 milhões de toneladas de CO2, cerca de 1/4 do montante global. “A ideia é injetar CO2 não só em campos de petróleo, mas também em aquíferos, como num projeto piloto que está sendo iniciado no Rio de Janeiro e que prevê o abatimento de 100 milhões de toneladas”, revela, citando a possibilidade de vender a solução para indústrias.
Outras alternativas importantes são as relacionadas a natureza, como reflorestamento e conservação, em que o Brasil possui 15% da oportunidade de sequestro de carbono baseada nessas frentes, que lidam contra o desmatamento e as emissões do agronegócio.
Tolmasquim finalizou sua apresentação destacando os investimentos de US$ 3,7 bilhões aprovados pela petroleira para descarbonização de suas operações, afirmando que a criação da diretoria que ele lidera irá aumentar os aportes em fontes renováveis e que o grande desafio da empresa será trabalhar nas emissões de escopo 3, de relações indiretas com fornecedores e outros atores da cadeia de petróleo e gás.