Acesso a financiamento de baixo custo, atualizar o ambiente regulatório, estimular pesquisa e inovação e melhorar a estrutura tributária, pensando também no mercado de carbono. Esses são os pontos específicos que o Ministério de Minas e Energia vem buscando trabalhar em prol do avanço da transição energética do país, afirmou nessa quarta-feira, 31 de maio, a diretora do Departamento de Transição Energética da pasta, Mariana Espécie, durante evento na PUC-Rio.
“Estamos estruturando uma política energética que busque conciliar as diferentes políticas industriais, econômicas, sociais, entre outras, para produzir oferta de energia de baixo carbono com a segurança necessária ao sistema”, pontuou a executiva, citando a reindustrialização do país, combate à pobreza, mitigação das emissões de carbono e adaptação climática como alguns direcionadores nessas discussões.
Mariana destacou a concepção do governo da transição energética como um modelo de desenvolvimento do país, desafiador e necessário, que envolve tornar a energia como elemento propulsor do desenvolvimento sustentável e um posicionamento estratégico perante as relações internacionais, transformando a indústria e os setores de transportes, elétrico e mineral.
Baterias já são viáveis em projetos de geração distribuída solar para localidades remotas (Aldo Solar)
“Existe o dilema energético em perseguir a segurança ao mesmo tempo da inserção das renováveis, trazendo a equidade energética e uma estrutura de custos que seja justa e fácil de serem vigiadas pela população”, comentou, adicionando que um dos principais gargalos do Brasil é a defasagem em relação aos investimentos em inovação, pesquisa e desenvolvimento.
Sistemas isolados
Uma das frentes priorizadas pelo MME é a chamada descarbonização da Amazônia, não só pelo combate ao desmatamento e avanço do agronegócio, mas pela região ser basicamente atendida por geradores a diesel, numa proporção de 80%. Um dos recentes apoios a essa situação é o Fundo da Amazônia Legal, obtido a partir da privatização da Eletrobras e que disponibilizará recursos anuais para diminuir a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), transformando essas localidades remotas com novas tecnologias tanto economicamente quanto ambientalmente mais amigáveis.
“Pretendemos mudar esse cenário, por meio de instrumentos de políticas públicas que visem interligações na transmissão, soluções híbridas para atendimento das regiões, armazenamento, digitalização e conectividade”, ressalta.
Outro ponto abordado na palestra, é que para conseguir a meta de emissões líquidas zero até 2050, será preciso explorar os potenciais e oportunidades nacionais, como a matriz majoritariamente renovável, sendo uma questão repensar as cadeias de suprimento, de onde virão os materiais que irão pavimentar esse caminho da transição.
“Painéis são em sua maioria fabricados na China, o que gera uma série de questionamentos internacionais”, indica, lembrando também que a guerra na Ucrânia impactou nos custos e capex dos projetos renováveis, assim como aumento das perdas anuais.