De acordo com o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Efrain Cruz, o momento atual é considerado o ideal para que o agentes do setor reflitam sobre as diretrizes que o setor vai tomar para as próximas gerações. Segundo ele, a garantia de suprimento para os próximos anos e a carga estabilizada torna o ambiente confortável para o debate. “Esse é o momento de um grande acordo no setor. Precisamos que todos reflitam o caminhos que estamos trilhando, como se dará o setor nos próximos anos”, explica Cruz, que participou de forma virtual da abertura do Fórum Brasileiro de Líderes em Energia, no Rio de Janeiro (RJ), nesta quinta-feira, 01 de junho.

Segundo o secretário, hoje existem assimetrias no setor, com subsídios eternizados que distorcem o modelo tarifário, além de fortes penetrações de energias renováveis e geração distribuída, que acabaram trazendo grandes desafios para a gestão, regulação e operação do setor. Esse acordo faria com que alguns tivessem que abrir mão de algo em prol do setor. Ainda de acordo com Cruz, um crescimento econômico de 3% a 4% demandaria uma expansão de 5 a 7 GW por ano. “Isso traria uma retomada do nosso setor sob o ponto de vista da expansão da geração”.

O programa ‘Gás para empregar’ também foi citado por ele. A política quer contribuir para a reindustrialização do país. O secretário-executivo almeja um preço de gás mais competitivo, saindo dos atuais US$ 14 para em torno de US$ 6 a US$ 8, de forma que a indústria não tenha que importar seus insumos.

A modernização do setor não foi um pedido apenas do Efrain Cruz, O presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico, Mario Menel, lembrou que o PL 414, que moderniza o setor, corre o risco de ficar ultrapassado. “Precisamos de um novo rearranjo do setor”, comenta. Menel frisou que o atual modelo já tem 19 anos, o que pede uma reestruturação. Apesar dessa demora na atualização e os problemas enfrentados, o setor elétrico ainda atrai significativos investimentos.

Ele recordou dois momentos anteriores de novos regramentos. O primeiro, o do Reseb, quando uma consultoria independente foi contratada e os agentes puderam fazer um grande debate. Já o segundo – que culminou no modelo atual – foi mais restritivo porém aproveitou o que havia de bom no modelo anterior e acrescentou novas regras que vigoram até hoje. “Seja qual for o modelo, precisamos reestruturar o setor elétrico”, adverte. Ainda segundo Menel, a transição energética já foi feita pelo setor elétrico, cabendo o que ele pode fazer por outros setores nessa seara, como na mobilidade.