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A contratação das térmicas previstas na lei de privatização da Eletrobras combinada à expansão das fontes eólica e solar na matriz elétrica brasileira poderá gerar um deslocamento significativo na produção hidroelétrica nos próximos anos, pressionando o Generation Scalling Factor (GSF) das usinas. Essa é a conclusão das estimativas da Ampere Consultoria, as quais indicam que dependendo das condições hidrológicas, apenas a contratação dos 8 GW a gás natural poderia reduzir o fator em 10% em 2031, ano em que todos os ativos já estariam em operação.
Num cenário com o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) no piso regulatório atual de R$ 69,04/MWh, a análise aponta que o impacto econômico poderia chegar a R$ 3 bilhões naquele ano, sem considerar estratégias de hedge. Para o consultor da Ampere, Guilherme Ramalho de Oliveira, seria necessário não contratar novas térmicas inflexíveis para evitar esse custo, numa contratação que não faz nenhum sentido no planejamento energético atual, cujo indicativo é de contratação de oferta flexível para fazer frente à intermitência das renováveis.
“O único modo de não prejudicar os geradores hidrelétricos seria por meio de alguma compensação financeira para esses agentes, o que acabaria resultando em aumento de custos dos consumidores”, alerta o especialista, acrescentando que em períodos de boa hidrologia, o impacto será de 10% tendo em vista a previsão de inflexibilidade de 70% dos empreendimentos.
UTEs da lei da Eletrobras irão exigir investimentos na infraestrutura e interiorização do gás (Eneva)
Já em cenários mais secos, não seria possível tecer essa afirmação, uma vez que as usinas inflexíveis poderiam estar deslocando geração de outras UTEs. No entanto, como o PLD seria mais alto nessa condição, o impacto financeiro poderia ser maior, mesmo que a redução do GSF não chegue aos 10%.
A estimativa, que vale para o cálculo do GSF em base anual, foi calculada considerando a garantia física atual das UHEs, uma vez que não há grandes projetos do tipo no horizonte dos próximos dez anos. Também não foram consideradas revisões das garantias físicas atuais e utilizada como premissa que todos os 8 GW seriam contratados. Não foi considerado o deslocamento da energia de hidrelétricas devido à operação das eólicas e solares, pois tem suas disponibilidades dependendo das condições meteorológicas.
Na prática, um GSF médio abaixo de 100% significa que as usinas terão de reservar maiores volumes de energia não contratada ou incorrer em riscos contratuais nos quais seus compromissos comerciais são, em média, superiores à geração disponibilizada. O cálculo é feito mensalmente pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e funciona como um rebalanceamento proporcional do volume total de energia produzido, somando os resultados de todas as usinas participantes do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE).