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A EzVolt, empresa que atua desde 2019 com soluções de recarga para veículos elétricos em condomínios residenciais, frotas corporativas e eletropostos, tem planos de triplicar sua rede de infraestrutura de recarga pública até o fim do ano. Essa meta deve ser alcançada com novas implementações nas capitais São Paulo e Rio de Janeiro. A informação foi dada pelo CRO da startup, Rodrigo de Almeida, à Agência CanalEnergia. Ele projeta um crescimento mínimo de 100% a partir dos 633 carregadores já instalados pelo país.
“Para atender a clientes de frotas não temos restrição, mas em relação a clientes residenciais ainda ficaremos mais concentrados às regiões Sudeste, Sul e Centro-oeste”, afirma o executivo, informando que a rede conta atualmente com 14 carregadores ultrarrápidos, em potências entre 60 kW e 200 kW, importantes quando se pensa em autonomia para deslocamentos de longas distâncias.
Empresa quer sair dos atuais 633 carregadores públicos para 1.900 unidades até o fim do ano (EzVolt)
Destes, sete são próprios e o resto da Vibra Energia, que investiu R$ 5 milhões no ano passado e pode virar sócia da startup no futuro. O primeiro Hub ultrarrápido foi inaugurado ano passado e existem mais cinco em implementação, funcionando com atendimento self service e 24 horas.
Entre outros destaques, o executivo relata um salto superior a 500% no faturamento da linha de negócios B2C em comparação ao ano passado, sendo que a empresa atua em 13 estados e conta com uma base de 4.500 clientes ativos que necessitam recarregar seus veículos elétricos todos os dias pagando pelo serviço, sendo mais de 500 unidades de frotas logísticas.
“Como nosso serviço é implantado com custo zero para o condomínio, o retorno ocorre ao longo de alguns anos, o que depende de um certo volume clientes que justifique não apenas a instalação, mas uma estrutura local para dar o devido suporte”, complementa Rodrigo.
A cobrança é feita por meio de um aplicativo lançado em 2020, do tipo Charge as a Service, permitindo também aos usuários cadastrar cartão de crédito ou outros meios de pagamento. Em relação às tarifas existem diferenciação em função do custo da energia entre certas cidades ou estados. A tarifa média do negócio fica em cerca de R$ 1,97 por kwh. Segundo o CEO da companhia, Gustavo Tannure, um motorista que gastava R$ 1.000 de gasolina por mês vai arcar agora entre R$ 300 a R$ 400 num elétrico, cerca de 60% a 70% menos, além dos gastos em manutenção que não terá mais.
Mercado de logístico e entregas é um dos mais promissores atualmente para mobilidade elétrica (EzVolt)
Já nas frentes de inovação, a EzVolt está desenvolvendo algumas soluções com o objetivo de tornar a experiência do usuário a mais fluída e agradável possível. Recentemente anunciou o Charge Club, que dará acesso a salas VIP em alguns eletropostos para o usuário desfrutar de um ambiente confortável e com serviços de conveniência e amenidades enquanto espera a conclusão da recarga, além de outras vantagens.
“Também estamos desenvolvendo em conjunto com parceiros inovações que serão aplicadas tanto ao nosso APP e sistema de gestão de recargas, como ao processo de recarga em si”, complementa o CFO da empresa. Outra novidade é a fase de auditoria final para homologação na plataforma de verificação Verra, o que possibilitará a geração de créditos de carbono para frotas que utilizem a rede de carregadores.
Mobilidade Elétrica
Ainda que seja um mercado para poucos, principalmente quando falamos de Brasil, os carros híbridos e elétricos ganham cada vez mais espaço no mercado nacional. Apesar de ter alcançado apenas 3,37% de participação de mercado no primeiro trimestre deste ano, a venda de eletrificados de janeiro a abril alcançou um crescimento de 51% na comparação com o primeiro trimestre de 2022, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
Com 6.435 emplacamentos, maio assinalou um novo recorde, como melhor marca mensal de vendas da série histórica. Assim o montante de VEs leves eletrificados em circulação desde janeiro de 2012 é de mais de 152 mil unidades.
No trecho abaixo uma pequena entrevista sobre o assunto com as visões e opiniões do Chief Relationship Officer da EzVolt, Rodrigo de Almeida.
CanalEnergia: Como a EzVolt avalia a velocidade do mercado, pelas vendas dos veículos?
Rodrigo de Almeida: O crescimento dos veículos elétricos e híbridos do tipo plug-in ocorre de maneira exponencial e para os atuais segmentos de mercado só a falta de veículos poderia colocar um freio a isso. Quando houver opções que custem, no máximo, uma vez e meia o preço de automóveis “populares” a combustão, o mercado vai explodir. Há uma demanda reprimida enorme em nosso país para veículos nessa faixa de preço.
Quando acredita que teremos um carro elétrico popular no Brasil?
Se não fabricarmos localmente acredito que ainda levará uns três anos para termos um carro elétrico popular. E quando digo popular, me refiro a um modelo que custe no máximo 50% a mais do que um equivalente a combustão. Se isso ocorrer a diferença de preço será compensada ao longo de poucos anos pela isenção de IPVA em alguns estados e pela própria economia em combustível e manutenção.
O que o governo poderia fazer para estimular a mobilidade elétrica no país?
É preciso criar uma política clara que incentive as montadoras a produzirem veículos elétricos em nosso país e que fomente a transição para a eletromobilidade. A produção local já ajudaria a reduzir um pouco o preço. Mas tão ou mais importante do que apenas olhar para o mercado interno, ao produzirmos localmente retomaremos as exportações de automóveis a níveis gloriosos que já tivemos no passado.
Caso contrário estamos fadados a perder outras montadoras presentes no país e no mínimo voltaremos à era das “carroças”, com veículos totalmente defasados tecnologicamente falando em relação aos países desenvolvidos. São 50 milhões de automóveis a combustão e menos de 20 mil automóveis puramente elétricos e a transição acontecendo de maneira gradual. O que é pernicioso é o discurso de que o Brasil não precisa de veículos elétricos porque possui biocombustíveis como o etanol.
Não se trata de adotarmos uma tecnologia em detrimento de outra. Mas de termos todas as que sejam viáveis técnica e financeiramente. E isso precisa ser endereçado em uma política pública de transição que seja compreensiva. Assim teremos uma transição segura, desenvolvendo toda a cadeia de valor, de fornecedores de peças a montadoras, mão-de-obra especializada e oficinas independentes à infraestrutura de recarga, inserindo de vez o Brasil no cenário da eletromobilidade mundial.