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Com um cenário de abertura do mercado livre de energia nos próximos anos, caberá ao consumidor ser o árbitro do setor, segundo o presidente executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia, Rodrigo Ferreira. Durante painel sobre avanços dos negócios no Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico, realizado nesta quarta-feira, 21 de junho, o presidente da associação lembrou que essa é a regra praticada por outros mercados e que no elétrico não deverá ser diferente.
“É o consumidor que decide”, afirma. Para Ferreira, após a abertura plena do mercado, o mercado de energia trará racionalidades e investimentos tão grandes quanto o de telecomunicações, um dos maiores anunciantes dos meios de comunicação. Mas nesse caso, o setor irá vender um produto para os consumidores, assim como as operadoras fazem.
Durante o painel, Ferreira atentou para a necessidade de abertura do mercado e do alinhamento com o ministro Alexandre Silveira no sentido de corrigir as assimetrias do sistema. Segundo o presidente da Abraceel, o mercado não está dividido apenas em cativo e livre, mas sim em sete mercados: GD Tradicional, GD Remota, auto produtores, Livre Especial, Livre tradicional, Tarifa Social e cativo. Todos têm as suas peculiaridades, mas o cativo e o livre pagam todos os encargos. Ele alerta para o declínio do ACR, que vem perdendo espaço e custando mais. “O cativo a cada dia que passa fica menor e mais caro”, avisa.
Para ele, o consumidor muitas vezes é tratado como algo abstrato ou que não existisse, quando ele é formado pela maioria das pessoas. Ele lembra que no cativo estão a maior parte da classe D, a classe C e mais de 90% do comércio. Ainda assim, não tem opção de escolha e paga todos os custos, o que não aconteceria no ambiente de contratação livre. “Estão presos em um modelo que não se precisa mais”, observa. Para ele, o consumidor da transição energética será aquele que gera a sua energia quando quer e que pode vendê-la. “O mercado livre é aquele que pode oferecer o benefício da liberdade para todo mundo”, afirma.
Durante o painel, o presidente da Enel São Paulo, Max Xavier Lins, destacou o papel da rede. Estamos em um ambiente de novas tecnologias que já estão disponíveis em larga escala, como a GD, mobilidade elétrica, medidores inteligentes e a baterias. Ainda segundo ele, os investimentos serão bilionários e a rede precisará se requalificar para suportar essas novas tecnologias e na gestão operacional dos fluxos de potência. “A rede é o elemento integrador de todas as tecnologias. Ela precisa trabalhar bem porque a sociedade é cada vez mais exigente “, aponta.
Ainda de acordo com Lins, não haverá transição energética se não houver uma transição elétrica, com a reforma da rede. Automação e digitalização deverão vir fortes, incluindo o enterramento de rede. Para Lins, a regulação também deve se antecipar a tecnologia, devendo haver um acompanhamento do avanço tecnológico “Não podemos ser atropelados pela tecnologia”, comenta.
Alexei Vivan, presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia, quer que o consumidor seja o árbitro, mas ele pede mais conhecimento e parcimônia para algumas fases da abertura do mercado e também à sustentabilidade da distribuição. Para ele, é preciso uma atenção especial as fontes perenes, que devem ter uma valoração adequada.