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Criação de demanda, competição, escoamento da energia e um plano para rotas de mercado. Esse é um resumo dos principais desafios e perspectivas que devem ser trabalhadas para avanço da eólica offshore no Brasil na visão de dois agentes convidados a participar do segundo webinar de aquecimento do Brazil Windpower, evento promovido pelo Grupo CanalEnergia/Informa Markets e que acontecerá entre 12 e 14 de setembro em São Paulo.

Os pontos destacados partem da definição de um marco regulatório que dê segurança jurídica para início e consolidação dos estudos e a definição das concessões possíveis na costa brasileira, que exibe um potencial de 700 GW mapeados pela Empresa de Pesquisa Energética, além de sinergias com as indústrias do onshore e de óleo e gás, que ajudará nas novas instalações e nas rotinas de Operação e Manutenção.

“Existe uma expectativa grande para o marco legal ainda nesse ano, passamos do momento de acomodação do capital político associado ao novo governo e de outras pautas relevantes a serem votadas, com isso temos percebidos uma mobilização em Brasília para a apreciação do tema em regime de urgência”, comentou o diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Ocean Winds – OW, Rafael Palhares Simoncelli. Assim, seria possível aos investidores desenvolverem os estudos (que podem levar de oito a dez anos) e conhecer mais a fundo o potencial brasileiro, para depois discutir com a sociedade a melhor forma de exploração dos recursos.

Segundo o executivo, uma primeira cessão dos prismas marinhos a serem oportunizados para a fonte deve acontecer no ano que vem, citando que o país possui 182 GW em potencial aguardando o marco legal para que se inicie os estudos, com cada GW custando em média US$ 100 milhões para a avaliação. “Com aprovação, ao pegar 1/4 dos projetos vamos ter investimentos de quase R$ 25 bilhões”, sinaliza, afirmando que os aerogeradores em mar podem ser instalados próximo aos centros de carga e a usinas para produção de hidrogênio verde no futuro. Desse montante, a joint venture global entre Engie e EDP Renewables possui mais de 15 GW em licenciamento.

Criação de demanda e infraestrutura de escoamento estão entre principais desafios no Brasil (Vestas)

Outro ponto endereçado é que as primeiras cessões de prismas marinhos precisam ser definidas para além do critério financeiro, no intuito de não onerar a fonte no começo de sua trajetória. Comparações com o onshore são inevitáveis, com os participantes do WarmUp da manhã dessa terça-feira, 27 de junho, lembrando que depois do Proinfa a eólica foi baixando de preço, começando em US$ 90 o MWh e tendo nos últimos certames um preço entre US$ 17 e US$ 20 o MWh. “Quando o governo propõe uma política energética, se olha além da conjuntura atual, pensando à frente”, pontua Simoncelli.

Ele também salienta que essa reconfiguração de custo das turbinas em solo ao longo do tempo representou uma redução de 65% no Capex, e que o GWEC afirma que na próxima década a fonte vai sseguir reduzindo os custos em até 49%. “Cada vez mais a tecnologia aponta para aerogeradores maiores, que tem uma logística que dificulta a instalação em terra, sendo muito mais simples no mar”, complementa.

Por sua vez, o superintendente de operações da Neoenergia, Marcelo Lopes, ressaltou que mesmo com a aprovação da lei ainda nesse ano haverá a necessidade de regulamentações técnicas posteriores, como critérios de medição e definição de áreas para futuros leilões, e do ponto de vista econômico, como qual será o valor cobrado para exploração das áreas marítimas. Também concorda com a importância de não onerar o fluxo de caixa dos projetos no começo, pois seria algo que teria que ser recuperado de alguma forma e que acabaria recaindo em novas tarifas.

“Ao ganhar uma área existe o risco, que vai demandar estudos de engenharia e de recursos por até dez anos e que são caros”, analisa, ponderando que existem certames pelo mundo da fonte que não adotam critérios financeiros, mas multicritérios mensuráveis utilizando o grau de avanço dos projetos e empresas.

Lopes avalia ainda que para uma indústria que está começando é preciso de incentivos não só econômicos como de linhas de crédito do BNDES, mas também fiscais aos fabricantes, atraindo a indústria de produção para não ficar dependendo de importação, questão que para ele o Brasil conta com capacidade para tal. “É uma oportunidade para toda indústria brasileira, que tem experiência em construção civil, montagem e fabricação de aerogeradores e pás”, refere, acrescentando também as sinergias para crescimento dos segmentos de siderurgia e mineração no país.

Ademais, outro gargalo é a necessidade da criação de demanda para a fonte num cenário atual de sobreoferta de energia, sendo inviável no curto prazo um leilão no mercado regulado, mas com os agentes tendo esperanças e quase certeza de que o país voltará a crescer, sendo a energia verde um fator fundamental. Da mesma forma, outro desafio que se coloca é a disponibilidade da infraestrutura de transmissão para o escoamento da nova energia, com possibilidades da EPE considerar a fonte efetivamente no novo bipolo vindo do Nordeste e cujos estudos estão previstos para conclusão março do ano que vem, prevendo mais 30 GW para transmissão.

“Temos um planejador fantástico como a EPE e a offshore já está no radar. O que precisamos é que os planos da transmissão para offshore apareçam de forma mais concreta nos estudos da entidade, sinalizando a necessidade de expansão da malha, num gargalo que precisa ser planejado e trabalhado”, conclui Marcelo Lopes.

(Nota da Redação: Matéria ajustada às 11:10 horas do dia 28 de junho de 2023 para adequação de texto)