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O primeiro leilão de transmissão de 2023 trouxe além do deságio de 50,97%, a evidência que o setor continua aquecido como nos últimos anos e que o próximo certame em dezembro, também deverá ser marcado por forte competição. A Eletrobras pós-capitalização disse a que veio participando da briga em todos os lotes e a controlada Furnas arrematou o de número 4, com RAP de R$ 68,7 milhões e deságio de 45,75%. O presidente da empresa Wilson Ferreira Junior exaltou o trabalho feito pela equipe da Eletrobras nos últimos dois meses e a disciplina nos lances, mostrando que é o começo da nova fase da empresa. “Já mostra nossa capacidade de operar de forma mais competitiva”, afirma.
O lote de investimentos de R$ 787 milhões envolve a LT Janaúba 6 – Presidente Juscelino, C1, CS, com 303 quilômetros de extensão em Minas Gerais. Ferreira Junior promete antecipar a obra em 24 meses do que foi definido pela Aneel no edital, além de capex 15% menor. O executivo frisou que a transmissão é uma área prioritária para a empresa, com muita sinergia e agora com uma capacidade financeira melhor e um time integrado pela holding. A Eletrobras disputou três lotes no viva voz.
Ele também acredita que o leilão de dezembro terá um nível de competição elevado, já que players tradicionais como EDP, Alupar, Neoenergia e State Grid não se sagraram vencedoras. Para o executivo, o negócio de transmissão está consagrado, que traz a aposta dos competidores e eleva a disputa. “Criou uma demanda nos próximos dois leilões. Gente grande saiu sem nenhum lote”, aponta o executivo à Agência CanalEnergia. As vencedoras de também deverão reaparecer dezembro. Ainda segundo ele, o Brasil é um dos únicos países do mundo que está atraindo receitas em projetos grandes.
A Engie levou o lote 5, que fica nos estados da Bahia, Mina Gerais e Espírito Santo, com 1.000 km de extensão e RAP contratada de R$ 249,3 milhões. O deságio foi de 42,8% e o investimento ficará em R$ 2,6 bilhões. Em comunicado ao mercado, o Diretor-Presidente e de Relações com Investidores. Eduardo Sattamini, afirmou que a vitória está alinhada à atuação da empresa como uma plataforma de investimentos em infraestrutura de energia, fortalecendo a estratégia de gestão balanceada e diversificação de portfólio de ativos. Segundo ele, foi um processo cuidadoso para garantir boas condições comerciais, assegurar capacidade de entrega dos projetos com qualidade e segurança, e agir com diligência em relação ao prazo e à geração de resultado financeiro.
Outra vencedora do leilão, a Isa Cteep levou dos lotes 7 e 9. O lote 7, com deságio de 41,81% e RAP de R$ 218,9 milhões, compreende as LTs Governador Valadares 6 – Leopoldina 2, Leopoldina 2 – Terminal Rio e a SE 500 kV Leopoldina 2. Já o 9, que teve RAP de R$ 7,46 milhões e deságio de 50,36%, envolve a SE 500/138 kV Água Vermelha- Transformação 500/138 kV – (3+1 res.) x 133 MVA, incluindo a instalação do sistema de automatismo para o controle do fluxo de reativos.
Em teleconferência no fim da tarde de hoje, o CEO Rui Chammas revelou que a transmissão é fundamental para que o país acelere a transição energética, em especial nas conexões com as renováveis do Nordeste e do Norte de Minas Gerais. Segundo ele, os contratos com os fornecedores de equipamentos já estão fechados, o que afasta riscos. A Cteep estudou e disputou os lotes, 1, 3, 4, 5, 6, 7 e 9. A empresa também vê chances de antecipação média de 12 a 24 meses. Estamos criando valor para os acionistas com os lotes hoje conquistados”, comenta.
No financiamento, a alavancagem deve ficar entre 80% e 85%. Chammas também prevê margem Ebitda entre 90% e 95%. Com a entrega desses lotes, a transmissora saltará para uma RAP de R$ 5,1 bilhões. Em quilômetros de LTs, o pós-leilão deixará a Cteep com 22.616 km de LTs.
Para Chamma – que também exaltou o trabalho da equipe que estudou os lotes – o deságio de 50% do leilão não reflete bem a disputa, uma vez que ele é baseado em uma referência imposta pela Aneel. A relação entre dívida e equity é diferente da usada no setor, o que já permite redução. Para ele, a disputa do leilão veio em função do conhecimento e capacidade dos players. Ele não quis fazer prognóstico para o próximo leilão, por considerar que será uma certame grande, em um momento diferente. “É difícil prever”, observa.