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O encontro do G20 sobre transição energética realizado em Goa, na Índia, na semana passada resultou em um documento divulgado após a reunião e que contou com o consenso entre todos os ministros de energia do grupo. São 22 parágrafos nos quais são defendidos termos gerais sobre as metas dos países para atender o Acordo de Paris com uma declaração geral, sem números específicos, apenas declarações de intenção.
O tom adotado na carta publicada é mais político do que prático. Indica que a meta é acelerar as transições energéticas limpas, sustentáveis, justas, acessíveis e inclusivas, seguindo vários caminhos, como um meio de permitir um ambiente seguro, sustentável, crescimento equitativo, compartilhado e inclusivo. Fazem parte além do acesso à geração de energia limpa e sustentável, viabilizar novas tecnologias.
“Acreditamos firmemente que a segurança energética, o acesso à energia, a estabilidade do mercado, e a acessibilidade energética precisam ser avançadas simultaneamente enquanto avançam transições energéticas, em busca de crescimento econômico e prosperidade, e garantindo acesso à energia moderna para todos, sem deixar ninguém para trás”, apontam na carta já em seu segundo parágrafo.
Esse tom não foi bem recebido por entidades que representam as fontes renováveis globais. Um deles é Ben Backwell, CEO do Conselho Global de Energia Eólica GWEC, que em comunicado criticou o conteúdo desse documento.
“O resultado do G20 Clean Energy Ministerial hoje não nos deixa mais perto de um mundo líquido zero até 2050”, destacou. E mais, em sua avaliação, sem exigir políticas e metas mais robustas que possam aumentar rapidamente a implantação de energia eólica e solar e outras renováveis, o apelo por esforços para triplicar as tecnologias de “zero e baixa emissão” soa vazio.
O documento publicado após o encontro ministerial do G20 cita, por exemplo, apenas reconhecer a necessidade urgente de avanços nas transições energéticas, através de vários caminhos, para contribuindo para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável, bem como as emissões globais líquidas zero de gases de efeito estufa/neutralidade de carbono por volta de meados do século.
O G20 ainda reafirmou “nossa firmeza com os compromissos, em busca do objetivo da UNFCCC, para combater o clima mudança, fortalecendo a implementação plena e efetiva do Acordo de Paris e sua meta de temperatura, refletindo a equidade e o princípio da responsabilidades comuns mas diferenciadas e respetivas capacidades, tendo em conta as diferentes circunstâncias nacionais. Também levamos em conta os melhores cenários da ciência disponível, abordagens circulares, socioeconômicas, econômicas, desenvolvimentos tecnológicos e de mercado e promovendo soluções mais eficientes”.
Entre as deliberações contidas na carta estão a promoção da colaboração tecnológica e a cooperação entre os membros do G20, outros parceiros internacionais e instituições multilaterais para fortalecer a energia com vista a garantir a segurança energética e a estabilizar a energia nos mercados.
“Nesse contexto, ressaltamos a importância de manter fluxos ininterruptos de energia de várias fontes, fornecedores e rotas explorar caminhos para aumentar a segurança energética e a estabilidade dos mercados, incluindo por meio de investimentos inclusivos para atender à crescente demanda energética, em linha com nossos objetivos climáticos e de desenvolvimento sustentável, ao mesmo tempo em que promove mercados internacionais de energia competitivos, não discriminatórios e livres”.
Em termos de fontes de geração, o G20 destacou que reitera a importância de acelerar o ritmo e a escala de implantação comercial de tecnologias maduras de energia limpa, incluindo energia solar, eólica, hidrelétrica, incluindo armazenamento bombeado, geotérmica, bioenergia, CCUS e, energia nuclear para os países que optarem por utilizá-la. Contudo, não estabelece as metas, foco da crítica apontada pelo GWEC e pela Global Renewables Alliance (GRA).
Beckwell lembra que as instalações anuais de energia eólica em todo o mundo precisam ser aumentadas de 3 a 4 vezes até 2030 para manter a meta de 1,5°C factível. Contudo, avalia que esse ponto crítico foi perdido pelo resultado ministerial. Para ele, é necessário que os formuladores de políticas se comprometam com uma ambição concreta de triplicar as instalações renováveis globais até 2030.
O GWEC também é membro da Global Renewables Alliance (GRA). O grupo representa uma voz renovável que exige maior ambição e absorção acelerada de energia renovável. Bruce Douglas, CEO da GRA, também afirmou no comunicado divulgado pelo conselho da energia eólica que o resultado da reunião ministerial de transição energética do G20 em Goa foi uma oportunidade perdida. E que os líderes mundiais devem estabelecer ambições que irão impulsionar a confiança dos investidores e inspirar países, comunidades e indústrias renováveis a trabalharem juntos para entregar uma implementação rápida.
O documento resultante do encontro que durou quatro dias na semana passada em Goa, na Índia, e do qual o Brasil fez parte, está disponível para download, em inglês.