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De acordo com a especialista em ESG e professora na área de diversidade Juliana Kaiser, o setor energético ainda precisa avançar na presença de negros e mulheres. Segundo ela, o setor é um dos últimos que ainda precisam romper essa barreira. “Essa é uma demanda que o setor vai precisar efetivamente cumprir”, avisa. O momento de transição energética e novas tecnologias poderia ajudar a fomentar políticas de diversidade nas companhias, já que o processo vem se caracterizando pela inovação, o que para a pesquisadora, teria tudo a ver com a diversidade. Juliana irá participar do Engie Day, na próxima quarta-feria, 2 de agosto, no Rio de Janeiro (RJ).

Segundo a especialista, que também é fundadora da startup social Trilhas de Impacto e conselheira da Associação Brasileira de Recursos Humanos, uma pesquisa realizada pela Bravo GRC para o jornal Valor Econômico  atestou que no setor somente 12,76% dos cargos são ocupados por mulheres. Com negros, o percentual cai para 8,18%. A professora salienta ainda que as mulheres quando ocupam cargos em diretoria, na maioria das vezes são de áreas ligadas a Recursos Humanos ou Diversidade. “No core das companhias, não vemos mulheres nem negros”, comenta.

Em, junho, outra pesquisa realizada pela Bravo e divulgada no seu site, ‘A Equidade nas Empresas de Capital Aberto no Brasil’, mostrou que apesar dos avanços, mulheres continuam sendo minoria nos cargos de liderança das empresas. O levantamento parte de um retrato do quadro de diversidade do ISE B3 pela ótica da composição de mulheres no Conselho de Administração, Diretorias e cargos C-Level. No estudo, foram consideradas, tanto separadamente quanto em conjunto, as respostas de controladas, holdings e empresas singulares.

O levantamento mostrou que as controladas têm menos equidade em diretoria e C-Level. Nesse caso, mulheres representam apenas entre zero a 10% em cargos de diretoria., No cargos C-level, o percentual é o mesmo. Das 73 empresas emissoras, 51% responderam que não possuem metas ou prazos para reduzir a desigualdade ou equiparar a participação de grupos nos cargos de alta administração.

A falta de uma movimentação mais efetiva do setor chama a atenção da especialista. Ela acredita que a área tem resistência a tratar do tema, mas que a pressão de investidores comprometidos com os Objetivos de Desenvolvimento da ONU está mudando o cenário. “Isso vai acelerar a pauta, não faz sentido entrar em uma reunião e não ver mulheres ou negros”, observa. Segundo ela, o olhar para o S do ESG é fundamental, para que se descubram as razões dessa exclusão.

Para ela, é preciso que o setor trate o problema da diversidade de inclusão e gênero de forma objetiva. O tema muitas vezes é visto com viés de militância, mas a apresentação de dados de mercado que neutralizam essa ideia se faz necessária. na visão de Juliana.

Iniciativas como as escolas de eletricistas femininas, que não se enquadram no chamado ‘C-level’ – o nível mais alto de executivos na hierarquia de uma empresa – são elogiadas. Ela vê uma vontade do setor em mudar o quadro atual, mas que corre contra o tempo para alterar um retrato que lhes é desfavorável. Essa mudança deve começar pelo C-level, que deve atuar como ‘patrocinador’ das ações. uma vez que recursos financeiros serão demandados, por conta da necessidade de mudança de cultura organizacional, o que só acontece com treinamentos.

Com o aumento do percentual de negros nas universidades, Juliana Kaiser classifica como fundamental que as políticas de RH das empresas os contemplem de modo que entrem nos programas de estágio e trainee. “É fundamental que tenhamos o que chamamos de ‘conversas difíceis’ com os RHs”, aponta.

Quem pode servir como espelho na inclusão de mulheres e negros é o setor de alimentos e bebidas. A pesquisadora de ESG conta que para acelerar essa pauta, um grande player global de bebidas, além de assinar um compromisso, sugeriu metas de diversidade também para sua cadeia de fornecedores. Isso levou a um efeito positivo em empresas B2B da cadeia, que por não atenderem o consumidor final, não tinham essa preocupação. “O player fez uma grande ação social para o mercado”, conclui.