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Uma geradora cuja maior parte de seu portfólio está no mercado livre de energia estaria em um momento de tensão desde o ano passado quando os preços de energia estacionaram no piso regulatório do PLD e de lá não saem tão cedo. Para a AES Brasil, esse não é exatamente o cenário, a empresa está confortável nesse momento em função de seu portfólio estar todo comercializado para este ano e no ano que vem; em 2025, o índice é de 91% e nos dois anos seguintes o patamar está acima de 70%.
“Estamos em uma posição confortável”, definiu o CEO da empresa, Rogério Jorge, em sua primeira entrevista à Agência CanalEnergia desde que assumiu o cargo. “Esses índices são relacionados ao volume total de energia que é vendável dentro do nosso portfólio e já descontando um hedge que temos por conta do GSF. Por isso, nesse momento de preços baixos, preferimos puxar o freio de mão e concentrar as vendas no longo prazo, que tem menor influência da hidrologia. Tanto que nosso preço médio no primeiro semestre ficou em R$ 174/MWh”, comentou ele.
Um outro campo no qual a AES Brasil tem focado é na varejista, de olho na abertura do mercado livre a partir de janeiro de 2024 para consumidores de média e alta tensão. Essa divisão da empresa, contou o executivo, apresentou crescimento de 50% e chegou ao volume de 67 MW médios. Ele explicou que uma parte desse volume já está dedicado a clientes que se tornarão elegíveis a partir da virada do ano.
“Estamos aproveitando esse canal para a alocação de energia descontratada”, acrescentou.
Rogério Jorge afirmou que o momento da empresa é positivo. Estão vendo os resultados do trabalho realizado no passado e classificou que a companhia está em um patamar diferente e mais favorável do que estava sete anos atrás. A ampliação do portfólio é um dos pontos, aumentou de 2,6 GW para 5,2 GW. “Com isso, temos a condição de acelerar o crescimento. Em termos de demanda há uma enorme oportunidade que temos com o movimento de eletrificação”, ressaltou ele, que completou ao dizer que o Brasil, com seu potencial renovável, é fonte de interesse global, seja para atuar com o hidrogênio verde ou no sentido de trazer uma indústria nova para cá, deixando geografias instáveis ou a concentração de mercado chinesa, visando reduzir a exposição à dependência do país oriental.
E nesse sentido, afirmou que a AES Brasil vem se dedicando ao H2 Verde, inclusive com um memorando de entendimentos com o Porto do Pecém (CE). Isso porque o Brasil é uma região prioritária para a AES Corp nesse combustível. Segundo o CEO, a produção quando viabilizada se dará por meio de ativos em terra. A fonte eólica offshore não faz parte dos estudos que a empresa desenvolve.
“No offshore agora não, entendemos que há muito mais vantagens competitivas para as grandes empresas de petróleo nessa exploração. Então essa modalidade de geração não está na nossa lista”, pontuou.