O apagão pelo qual o país passou na manhã da terça-feira, 15 de agosto, não foi um caso fortuito e poderá se repetir, eventualmente. O horário não foi uma coincidência, há o aumento da geração solar, a eólica está em nível elevado e a carga do SIN ainda não se formou totalmente. Essa é a avaliação do diretor presidente da MC&E, José Marangon, engenheiro eletricista que tem uma carreira na área acadêmica, justamente em uma das mais tradicionais escolas do setor no país, a Federal de Itajubá, em Minas Gerais.

Marangon destacou em sua entrevista no CanalEnergia Live desta quarta-feira, 16, para analisar o evento, que apesar da situação vivenciada no país, os sistemas de proteção atuaram como deveriam, resultado da competência técnica do Operador Nacional do Sistema Elétrico.

Acontece que para que ocorra uma perturbação como a de ontem, diversos fatores precisam ter atuado. Ele cita entre algumas das possíveis causas o aumento da geração intermitente acima do que era previsto, mas que pode ter encontrado alguma queimada e desligamento de máquina que tirou a inércia do sistema. “São muitos fatores que podem ter contribuído”, definiu.

“A complexidade de operação do sistema é grande e aparentemente o elo de corrente contínua estava tranquilo”, analisou. Uma possibilidade de ocorrência pode ter sido em Imperatriz, no Maranhão que é um centro na interligação entre o Norte, Sudeste e Nordeste em 500 kV na corrente alternada. Isso deve-se ao fato de que a corrente contínua permite maior controle. Sendo assim, o linhão HVDC que está planejado para o próximo leilão de transmissão, de dezembro, disse ele, deverá ajudar muito no controle e pode até mesmo ser a solução para o país nesses casos. E completou que as renováveis não são o problema, pois são fontes limpas e o país precisa descarbonizar.

“Antigamente, o horário da ponta era quando tínhamos a maior parte das ocorrências, lá entre 19 a 20 horas, depois começou a ponta às 15 horas no meio da tarde por conta do calor e o consumo elevado para refrigeração”, lembrou ele. “Não houve coincidência ante o horário que ocorreu esse apagão, faz parte da evolução da rede, o que precisa ser feito é coordenar a integração da geração com a carga”, indicou ele que ressaltou ainda o fato de que passamos por um momento de transição e que eventos como esse podem voltar a acontecer no futuro, por isso é necessário investimento, não apenas em linhas de transmissão mas em outros equipamentos e em tecnologia.

A entrevista completa com o José Marangon está disponível na íntegra em nosso canal do You Tube, TV CanalEnergia, pelo LinkedIn ou x (ex-twitter). O CanalEnergia Live é transmitido de segunda a sexta-feira às 10h nas nossas redes sociais e no nosso portal.