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A Petrobras anunciou oficialmente sua entrada no desenvolvimento da geração eólica offshore. A empresa apresentou ao Ibama pedidos de licenciamento para 10 projetos que somam 23 GW de potência instalada em áreas no Nordeste, Sudeste e Sul do país. A iniciativa ainda está no início, mas a intenção é de ter máquinas de 15 MW de potência instalada, cuja tecnologia e fornecedores serão escolhidos posteriormente. Somada à sua participação na parceria que já tem com a Equinor no país, a petroleira marca virada de atuação e contabiliza 30,2 GW nessa modalidade de projetos.

O anúncio foi feito em coletiva de imprensa realizada no Brazil Windpower 2023, evento realizado pelo Grupo CanalEnergia, by Informa Markets em parceria com a ABEEólica e o GWEC. Segundo o presidente da petroleira, Jean Paul Prates, a empresa está em um processo de metamorfose ao realizar a campanha de medição offshore no Brasil. E que esse volume representa o maior potencial de geração nessa modalidade no país, considerando a capacidade protocolada junto ao órgão ambiental.

“Essa iniciativa marca a entrada da Petrobras em eólica offshore com a campanha de medição de ventos em alto mar em plataformas fixas da empresa no mar do Ceará e do Espírito Santo”, disse Prates em seu discurso.

Entre as tecnologias que estão em desenvolvimento está de plataformas flutuantes com base nas condições climáticas da bacia de Santos. Cada uma das máquinas que poderão ser usadas nesses locais representam 30% da demanda de energia de uma plataforma de petróleo no pré-sal.

“É uma metamorfose dentro da Petrobras e a transição é se transformar em outra coisa nova, é trocar de fonte ao passo que ainda trilha o caminho de petróleo e gás, enquanto ainda depende do faturamento de hidrocarbonetos”, destacou Prates. “A Petrobras chegou no setor eólico chegando com onshore e offshore e também tem o dever de ser gigante em transição energética e se transformar em uma das maiores empresas integradas de energia com competência”, finalizou ele.

Ainda não há sinalização de quando os projetos poderão estar operacionais. Os executivos que estavam presentes pela empresa destacaram que a energia que poderá ser produzida pelos projetos protocolados dependem de muito avanço. Agora o momento é de estudo de viabilidade econômica dos projetos. “A Petrobras não entrará ou investirá em projetos que têm VPL negativo”, destacou o diretor de Transição Energética da empresa, Maurício Tolmasquim. Ele acrescentou que as perspectivas são positivas para 2030 que em termos de horizonte de tempo “está logo ali” E que, “daqui a pouco vai-se falar que os projetos já estão atrasados, o que não é a questão agora. Se demorar muito, chegarão a esta condição”, acrescentou.

Para chegar a esse momento ainda é necessária a aprovação do marco regulatório da eólica offshore que está na Câmara dos Deputados. O presidente Jean Paul Prates avaliou que assim que estiver aprovada a regulação a margem equatorial para o desenvolvimento da offshore será uma das mais atrativas.

“A costa da margem equatorial será o ambiente mais atrativo e competitivo do mundo em 7 anos. Será disputado por investidores de todo o mundo, porque é raso e não tem as intempéries como as existentes na Europa e no Mar do Norte”, comparou ele. “É tão tranquilo que a manutenção será feita de jangada”, exagerou ele.

Apesar do momento do baixo crescimento da demanda por energia elétrica no país, a empresa acredita que há espaço no futuro pela produção offshore. A aposta é que a partir de 2028 deveremos ter procura por mais consumo devido ao crescimento da economia. A companhia vislumbra atender não apenas sua demanda com a descarbonização e eletrificação das suas operações, mas também o atendimento à produção de hidrogênio verde diante das perspectivas de consumo desse insumo em nível mundial. Tolmasquim ainda citou o fornecimento do combustível para a produção de fertilizantes, entre outras aplicações.

Tanto que a empresa fechou MoU na China com a China Energy para uma planta de H2 Verde e amônia no RN, que é o estado com maior capacidade de geração eólica offshore no Brasil.

Apesar do anúncio, Prates destacou que ainda há muito a ser feito. Para chegar a esse objetivo a Petrobras precisará ainda conseguir o direito de titularidade de uso das áreas marítimas em leilão – seja em qual modelo o governo optar – estudar os projetos e analisar custos e oportunidades de negócios proporcionados. Em sua análise uma ação que para entrar em operação que pode levar de 5 a até 8 anos, pelo menos.