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Completando dez anos de atuação no país, a CTG Brasil hoje é a maior subsidiária da gigante chinesa fora do seu país de origem. A geradora, que começou com participações em UHEs da EDP, ao longo dos anos também adquiriu usinas da Duke Energy e venceu a disputa em leilão pelas UHEs Jupiá e Ilha Solteira. Hoje, possui capacidade instalada de 8,3 GW, o que a coloca na linha de frente da geração. Em entrevista à Agência CanalEnergia, o vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da CTG Brasil, Silvio Scucuglia, celebra a disciplina na execução da estratégia da empresa. Com fôlego para investir, os planos para expansão reforçam essa disciplina apresentada, em que o executivo descarta metas de crescimento em prol da seleção da melhor chance de negócio. “A gente não busca megawatts, não busca capacidade instalada. A gente busca retorno. A empresa é disciplinada não só pelas boas aquisições que fez, mas por aquelas que ela optou por não fazer’, explica.
Essa eventual expansão não teria preferência por ativos greenfield ou brownfield e não contemplaria nada estranho ao campo da produção de energia limpa. Em 2022 foi iniciada a construção do complexo solar Arinos (MG – 336.,8 MW). A companhia mantém ainda no pipeline a construção de um projeto de parque eólico no estado da Paraíba.
Classificando o Brasil como um mercado extremamente relevante, o vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da CTG Brasil lembra que do ponto de vista operacional há similaridades entre os dois países, que acabam virando trocas de melhores práticas. “As engenharias estão sempre se conversando e é um caminho de duas mãos. A gente tanto recebe deles muitos inputs e ideias, como eles levam bastante coisas daqui”, avalia.
O executivo considera as usina hidrelétricas o coração do sistema brasileiro, uma vez que foi organizado para funcionar a partir dessa fonte e acabou e tornando referência mundial por conta disso. Além disso, as UHEs também permitiram a inserção das renováveis no Brasil, dando flexibilidade ao sistema. “As hidrelétricas são e vão continuar sendo muito importantes para o sistema, pela robustez que elas têm”, comenta.
Mas Silvio Scucuglia lembra que a expansão das UHEs virá pela região amazônica, onde há vários desafios como o ambiental e logístico, o que arrefece o interesse setorial. “O próprio governo entende que a expansão não vem da oferta predominantemente de hidrelétrica, aposta-se muito mais em outras fontes”, avisa.
Scucuglia conta que esse cenário de falta de novos projetos também leva a um repensar da fonte. Um modelo que contemple a remuneração aos agentes hidrelétricos pelo serviço de flexibilidade deve ser considerado. “A forma de alocar a remuneração aos agentes é uma coisa importante de ser revistas, são mudanças que precisam estar na agenda”, observa.
Colocando a aprovação do PL 414 como necessária, Scucucglia vê movimentações para que que as divergências entre os segmentos sejam equacionadas. O aparar das arestas viabilizará a modernização do setor. Ele frisa que o término do processo vai melhorar a tomada de decisão no mercado e que o momento de sobre oferta é propício, já que não há problema para a expansão no curto prazo.
A modernização das UHEs Jupiá e Ilha Solteira, indicada em 2017, é considerada uma das mais importantes desse tipo no Brasil e deve ir até 2038. O projeto visa aumentar a disponibilidade e garantir a eficiência das duas usinas a um custo de R$ 3 bilhões, que serão usados para instalação, substituição e reforma de 34 unidades geradoras e adequação dos sistemas existentes. Haverá foco na automação e sensorização das máquinas. Este ano o investimento fica em R$ 228 milhões no programa. Todos os transformadores já foram trocados.
Modernização da UHE Ilha Solteira vai dar mais confiabilidade (Foto: Divulgação CTG Brasil)
Atuante em muitos projetos de Pesquisa & Desenvolvimento, a CTG Brasil tem duas fortes vertentes: uma a da excelência operacional, buscando projetos que ajudem a melhorar a eficiência, a qualidade e a confiabilidade do serviço. Já a outra é a de explorar novos potenciais de negócio para o grupo no futuro. O projeto de manipulação genética de mexilhões dourados, um dos carros chefe da geradora, está sendo finalizado, mas seus resultados são de longo prazo, um fator comum para P&D e Inovação. “Quanto mais inovador você é, mais tem um tempo de maturação para conseguir trazer para a escala”, aponta.